sexta-feira, 1 de abril de 2011

ENTREVISTA


ROGÉRIO PIVA:
"A gente primeiro rói o osso, pra depois comer a carne."

Rogério Sodré Piva nasceu no dia 18 de agosto de 1987, na cidade de São Paulo. Frequentou circo escola desde pequeno, mas, segundo ele, ia só pra comer o lanche que era servido. Participava das atividades, brincava muito e nunca conseguia realizar os exercícios. Naquela época, ele não tinha a pretensão de se tornar um artista. De família humilde, Piva trabalhava como carregador na feira da cidade. Um certo dia, ao ver sua mãe chegar da feira, Rogério pegou três bolas de meias compradas por sua mãe e começou a jogar malabares. Trocou as meias por limões e percebeu que tinha o dom desta arte. Nessa época, seus pais queriam que Piva estudasse, fosse contratado por uma empresa com registro. Não aceitava a idéia do filho ser malabarista. Fez dois anos de faculdade, cursando Administração de Empresas e trabalhou em 4 empresas. Mas ao encontrar um amigo, que lhe ofereceu suas clavas para ensaiar, Piva estabeleceu um objetivo de vida: aprender bem malabares para animar festas infantis. Em 2002, conheceu Márcio Tápia, da Escola de Circo de Diadema, onde se aperfeiçoou e começou a amar o circo. Desta época em diante, fazer malabares se tornou febre em sua vida. Tanto que, para pagar dívidas e adquirir seus aparelhos da nova profissão, Piva trabalhou nos semáforos de São Paulo durante 3 meses. E garante: O semáforo lhe tirou do sufoco. Com o dinheiro ganho nas sinaleiras, Piva conseguiu comprar suas pernas de Pau, clavas, aros e figurinos. Depois conheceu o famoso e saudoso malabarista Rui Edson Lins, conhecido como Prego e começou a realizar shows em escolas. Através da amizade com Prego, Piva começou a conhecer mais gente de circo. Comprou um Fusca ano 1975 e visitava todos os pequenos circos das periferias e do interior de São Paulo. Aí começou a trajetória de Rogério Piva, que, atualmente trabalha no Vostok e é um dos nomes mais badalados do Brasil.

FICHA TÉCNICA:
NOME: Rogério Sodré Piva
IDADE: 23 anos
CIRCOS QUE JÁ TRABALHOU: Circo do Reibian, Circo das Crianças, Circo Montreal, Circo do Spirro, Circo Klenk, Circo do Chiquinho, Circo Los Agady, Circo Estoril, Circo Di Nápoli, Circo Di Itália, Circo Vostok
O QUE JÁ FEZ EM CIRCOS? Malabares, perna de pau e arame bambo.

CIRCO NEWS: Você começou jogando malabares nos semáforos, passando chapéu nos carros para ganhar dinheiro. Hoje trabalha de baixo de uma das maiores lonas do país. Como se sente?
Rogério Piva: Como dizia o meu ídolo Prego, a gente primeiro rói o osso pra depois comer a carne. Acho que isso é consequência quando a gente faz alguma coisa com amor, consequência de quando a gente realmente acredita em algo e esta em busca de um objetivo. Esse é o valor da perseverança. A única coisa que faz a gente ser feliz é acreditar. Em tantos perrengues que passei na vida, na rua ou em circos pequenos, mesmo assim, nunca desisti.
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CIRCO NEWS: Você disse que passou por coisas ruins nas ruas e em circos pequenos. Algo te fez pensar em deixar essa vida?
Rogério Piva: Sim, tanto que entrei pra faculdade, comecei a trabalhar em empresas, para deixar o circo apenas como diversão. Mas vi que o circo era muito mais do que isso em minha vida. O amor pelo circo, a necessidade e o coração batendo forte querendo participar do cotidiano de pessoas que a gente não conhece, mas que na hora do espetáculo, estamos participando de suas vidas, tudo isso me fez voltar. Poder ver um povo sofrido, que muitas vezes juntava um real para pagar um ingresso de circo, ver pelo buraco da cortina a alegria daquela gente, era muito bom. Eu pensava comigo, “puxa, eu to fazendo parte disso, eu to fazendo a alegria destas pessoas.” Não importava as consequências mas queria lutar em prol da arte.
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CIRCO NEWS: Você chegou a ser hostilizado em algum circo por no passado ter se apresentado nas sinalieiras? Sofreu preconceito?
Rogério Piva: Sofri preconceito, mas não somente por causa do semáforo e sim por ser de escola de circo. Por não ser tradicional, ser de fora, e estar conseguindo um espaço no circo que seria de um tradicional. Por esses fatos, em muitas conversas, as pessoas diziam que eu não era circense, e que circense é o que nasce dentro da lona.
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CIRCO NEWS: E na sua opinião, o que é ser circense?
Rogério Piva: Pra mim, o circense é aquele que realmente é apaixonado pela arte, que ama a arte e respeitam o circo, o picadeiro, e o público que paga pra nos assistir, independente da quantidade de público e que respeita a diversidade de linguagens, seja na rua, no teatro, de baixo da lona. O tradicional de circo que não respeita o próprio companheiro, por não ser da mesma etnia, já está colocando sua classe como inferior. Mas eu acho que somos todos iguais. Valoriza a simplicidade e não o materialismo. Mas isso é um problema da sociedade, que valoriza mais o materialismo. E o circo é simplicidade. E a simplicidade se confunde com a mais pura sofisticação.
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CIRCO NEWS: Como assim?
Rogério Piva: Como nós vivemos? A vida no circo é muito simples, passamos dificuldade. E toda essa simplicidade a gente passa para o público como sofisticação lá no picadeiro. Mesmo que o circo não tenha um bom picadeiro, um som que chia o tempo todo ou uma iluminação precária, mesmo assim, passamos um espetáculo para as pessoas, que realmente a arte pode acontecer. Seja em um picadeiro cheio de buraco, num picadeiro sofisticado ou na rua.
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CIRCO NEWS: Você é conhecido por ser um artista de eventos, festas e de fazer cachês em circo. Poucas vezes, trabalhou durante muito tempo em um circo. Agora, você pretende seguir carreira definitiva no circo?
Rogério Piva: O mercado de eventos em São Paulo é muito amplo. E financeiramente é muito mais confortável e seguro. Tive em alguns circos diversas decepções. Considero que o contrato nos circos é algo injusto para os artistas, pois não temos um plano de carreira, nem plano de salário e podemos ficar durante um tempo indeterminado, e não crescer, continuar da mesma maneira que entramos.
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CIRCO NEWS: Mas fazendo eventos, há planos de carreira, registros e algo que ampare os artistas?
Rogério Piva: Fazendo eventos, eu trabalho por conta própria, sou autônomo. Pago meu INSS por conta própria e trabalho pra uma grande diversidade de empresas e organizo meus próprios eventos. Em shows e eventos, você tem um reconhecimento muito maior. Acredito que o que precisa no circo é que os donos considerem que seus funcionários sejam as coisas mais importantes dentro da empresa. O material humano é o que realmente faz acontecer. Eles precisam se comprometerem mais com o bem estar dos funcionários. Colocar o ser humano no centro do processo. Essa é a única forma de se ter competência, inovação e qualidade. Pois é através deles que se consegue isso. Os donos de circo não se comprometem com seus colaboradores. Eles se preocupam com suas caminhonetes, seus trailers, enquanto muitos funcionários têm condições de habitação desumana e muitas vezes uma alimentação precária. Como os circos terão funcionários motivados com estas condições?
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CIRCO NEWS: Você está generalizando?
Rogério Piva: Não. De forma alguma. Hoje, me encontro em uma situação super confortável no circo onde estou e vejo também, que ao meu redor, as pessoas aqui trabalham contentes e se sentem valorizadas. Isso se reflete no dia a dia e na hora do show e no desenvolvimento dele. Acredito que existem circos realmente competentes, que tratam seus funcionários como seres humanos e não porcos e que é um ponto positivo pra classe circense em uma realidade de tantos problemas.
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CIRCO NEWS: O que você acha de:

_ Cirque du Soleil: Exemplo de gestão e excelência.
_ Prego: Simplicidade, motivação e perseverança.
_ Escolas de Circos: Uma revolução na nova geração circense.
_ Circo Vostok: Satisfação. Um novo conceito para todos aqueles que não acreditavam no circo como uma instituição eficiente, independente e além de tudo, ético.
_ Rogério Piva: Amante incondicional da arte circense.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Rogério Piva: Acredito na verdadeira essência do circo. Acredito que eliminaremos a ganância de dentro da nossa alma e viveremos em prol da elevação da arte circense não como benefício próprio mas para o bem de toda uma sociedade.
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7 comentários:

Yuri disse...

o piva é um grande malabarista, eu a vi no circo estoril quando estava no ceará.
um artista muito humilde e simpática, so existe uma pessoa aqui no brasil pra superar o piva, que é o geovani martins!
parabens cara, sucesso

Anônimo disse...

o piva é um grande artista, muito carismatico, um show man como disse o strapa.

Daniella Mengue. disse...

Conheço o Rogério a um tempo, e com certesa posso dizer que ele merece ter chegado onde está,e ainda tem muito a crescer.
Parabéns e sucesso sempre.

Anônimo disse...

ROGÉRIO PIVA É MUITO LEGAL, UM GRANDE ARTISTA, MAS ACHEI A ENTREVISTA MUITO SEM SAL... ELE FALOU MUITAS COISAS DIFICEIS E SE ENROLOU UM POUCO. MAS NO MALABARES ELE MATA A PAUUU!!!

Gabi Parpinelli disse...

Conheci o Rogério Piva, no show do palhaço Espirro, que acontece todas as 3ªs. feiras, confesso que fiquei encantada com seu talento.
É algo contagiante, espero revê-lo logo. *-*

Gabi Parpinelli disse...

Conheci o Rogério Piva no show do palhaço espirro, confesso que fiquei encantada. Ele transmite uma energia muito boa.
Adorei conhecê-lo.

luana disse...

o rogério piva é muito legal,bonito e cincero,mas pena q tem namorada...
quando ele for em bora vou semtir muita falta dele,pois ele é um amigo e tanto..
acho q ele sabe quem sou,aquela guria q ñ parava de emcomodar pra tirar foto com ele..
axei sua entrevista muito boa,pois vc é o melhor malabarista do mundo..
um bjão xau.....