OPINIÕES DO STRAPA

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Opinião do Strapa

Nesta página você acompanha todos os textos escritos neste blog para a seção Opinião do Strapa. Sempre com uma forma clara e objetiva de escrever, Strapa põe as questões mais importantes do mundo do circo para debate ou comenta algo de sua vida.
Acima dos textos, você verá a data de publicação. Para ler os comentários dos leitores, vá ao Arquivo do Blog e procure pela data de publicação. Boa leitura!

COLUNA PUBLICADA EM 10/FEVEREIRO/2012



E se fosse num circo?

Na semana passada, durante uma peça de teatro protagonizada por dois atores da Rede Globo de televisão, Danielle Winits e Thiago Fragoso e dirigida por Miguel Falabella, cabos de aço arrebentaram e provocaram um grave acidente. Os atores caíram de uma altura de aproximadamente 5 metros, sobre os espectadores. O Jornal Hoje mostrou uma das pessoas da platéia, que fraturou o braço recebendo um telefonema do diretor da peça, Miguel Falabella. A mulher falava com ele, como se estivesse recebendo um prêmio. Mas estava machucada e com fraturas.
Depois da investigação, a polícia descobriu que a peça 'Xanadú' não possuía ART, a anotação de responsabilidade técnica. Para quem não sabe, a ART é a primeira exigência da prefeitura quando um circo tenta se instalar na cidade. Todo o evento precisa de uma ART, assinada por um engenheiro que fique responsável pala segurança do local. No caso da peça de teatro, não existia ART.
Na mesma semana, no Egito, 74 pessoas morreram durante uma partida de futebol. Milhares ficaram feridos. Na Itália, um navio de cruzeiro encalhou, virou e matou dezenas de passageiros. Os sobreviventes perderam tudo, de roupas à joias. E a empresa dona do navio já divulgou o valor da indenização, algo equivalente a 28 mil reais.
Fico me perguntando: E se fosse num circo?
No circo, as pessoas tropeçam em um pranchão e se acham no direito de pedir fortunas irrisórias de indenização. Além disso, para as autoridades, o circo é tão sem importância que, ao invés de se pensar em uma solução para algum problema, o mais fácil é proibir. Casos isolados tiraram os animais dos picadeiros, mas com certeza, o teatro continuará apresentando a peça Xanadú, os cruzeiros continuarão existindo e o futebol reinará absoluto, mesmo depois de tantas mortes.
O circo precisa mudar os seus conceitos perante a sociedade, para que, num futuro, ainda distante, consiga ser respeitado como ele merece.



COLUNA PUBLICADA EM 01/FEVEREIRO/2012



Férias Forçadas

Meus amigos, estou de férias! Umas férias forçadas que já duram mais de 40 dias. As pessoas me perguntam pelo Msn, Orkut e Facebook por que saí do mundo do circo, por que deixei de lado o meu sonho, por que resolvi me exilar longe da minha grande paixão.
Esclareço que não deixei o circo e que continuo no ramo, mas tenho que admitir que realmente me sinto decepcionado e desiludido com a situação dos circos brasileiros, ou da maioria deles.
Os artistas, na grande maioria das vezes, não são valorizados. Sem vendas boas, não há condições de acertar um contrato, pois o vale é inevitável, de leste a oeste, de norte a sul, faça chuva ou sol, no verão ou no inverno, na capital ou no interior. O vale virá. Muitas vezes, ele é aceitável. Eu mesmo, sempre aceitei o vale numa boa, principalmente quando via que não existia outra saída para o dono do circo.
Sempre fui um artista parceiro dos donos de circo. E ser parceiro é bem diferente de ser puxa-saco. Já emprestei dinheiro para dono de circo mudar suas carretas algumas vezes, mas nunca fui daqueles que esperam o 'patrão' acordar só para ser o primeiro a dar 'bom dia'. Sempre sentei à sua frente e dei minha opinião, quando o via perdido em meio à tantos problemas, sempre fui o primeiro a elogiar algo legal e criativo, e nunca me omiti diante do errado. Além disso, fui parceiro de vários chefes na hora do aperto, fazendo a mais do que meu simples papel de locutor mandava fazer.
Bem, existem muitos artistas assim. Mas existem também os chamados 'encostos', aquelas figuras que estão ali apenas para dar o 'bom dia' e nada mais fazem pelo circo. E os encostos, hoje em dia estão em maior número do que os parceiros. E o mais alarmante em tudo isso é que a maioria dos donos preferem os encostos. O talento e a parceria ficam em segundo plano.
O circo é a única empresa no mundo onde o funcionário é funcionário quando o circo vai bem, mas torna-se sócio quando o circo vai mal. O artista recebe do que sobra, isso é lei e todos sabem. Mas um bom tratamento, um bom motivo, um belo churrasco e a concessão de uma boa venda deixa o artista satisfeito com a empresa e nem se preocupa com o vale.
Meus amigos, o artista é amigo quando está aceitando tudo isso. Quando aceita os encostos da vida, quando não pede venda boa, quando não reclama das injustiças, quando perde algo que tem e não fala nada. Mas quando resolve sair, arejar, mudar os planos, vira vilão. E se pede o atrasado, então, vira pior que a Tereza Cristina da novela das nove.
Minhas férias, pelo jeito, ainda irão perdurar por muitos dias, semanas ou meses. Mas não serei mais conivente com os encostos. Prefiro esperar mais tempo em casa até encontrar um dono de circo que me ofereça uma boa venda em troca do meu trabalho, do meu profissionalismo e da minha parceria do que do meu simples 'bom dia'.



COLUNA PUBLICADA EM 30/MAIO/2011



Por que o circo existe?

O circo é, sem dúvida nenhuma, a maneira mais incrível e fascinante de divertir e encantar o ser humano. Somente em um circo se consegue reunir todas as formas de artes e expressões. O circo mostra às pessoas que não há limite para o homem, pois apresenta ao grande público o que quase ninguém sabe ou tem coragem de fazer. Através do circo, sonhos de infância se afloram, e adultos voltam ao tempo em que eram crianças. De baixo de uma lona estrelada, tudo se mistura: as cores, os sonhos, as músicas, os sorrisos, o cheiro da pipoca, o suspiro, as gargalhadas, os aplausos, o espanto e o fascínio. Este ambiente totalmente mágico, que vende ilusões para a platéia, muitas vezes escassa, pode ser visto por vários ângulos.
O circo pode ser visto como uma empresa. Cobra ingressos, vende espetáculos, depende do público. Existem, é claro, outras formas de renda fora da bilheteria, mas são pouco exploradas hoje em dia. E o circo é muito maior do que os olhos do espectador consegue enxergar. O circo não vende apenas arte. Além do espetáculo, o circo também é uma mini transportadora, pois tem seus próprios meios de locomoção. É também uma praça de alimentação e por que não dizer que o circo é uma grande universidade, onde os professores também estão em constante aprendizagem. O circo também possui sua própria agência de publicidade, pois só o circo consegue atingir todos os públicos, da classe A à classe D, através de mídia em TV, jornal, rádios, carros de som, outddors, cartazes e bônus. O circo tem seus próprios advogados - os secretários, seus próprios engenheiros - os capatazes, seu próprio restaurante - a cozinha, e seu próprio escritório de contabilidade.
O circo é tão grandioso! A sua capacidade de mover-se, de mudar qualquer coisa a qualquer tempo, de ressurgir das cinzas, de se levantar depois de uma fase difícil... Tudo isso me fascina.
Durante os espetáculos, enquanto anuncio os números, meu passatempo favorito é ficar olhando a reação das pessoas. Ontem mesmo, durante o número de duo aéreo do casal argentino Pablo e Marine, tinha uma senhora no camarote que ficou extasiada. Suas expessões mostravam fascínio, emoção, encanto, medo e alívio, enquando os artistas realizavam suas acrobacias no alto da lona.
Em dois meses de temporada em Porto Alegre, nós, artistas do Vostok, recebemos centenas de elogios. Esses dias, um senhor, ao apertar minha mão disse que não entendia porque o circo não estava lotado, pois nunca tinha visto um espetáculo tão grandioso. Atrás dele, uma senhora bem velhinha dizia que nunca em sua vida havia se emocionado e dado tantas gargalhadas dentro de um circo. Outro senhor me disse que ja havia visto Águas Dançantes, mas que pensava que tudo era computadorizado e que ao ver que eu fazia manualmente, tinha dado mais valor ao número. Inúmeras foram as pessoas que disseram ao seu Alexandre para que não deixe a arte circense morrer. Esse é o verdadeiro espírito do circo. Essas manifestações do público é que fazem tudo valer a pena e que impulsiona o circo a existir para sempre.
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COLUNA PUBLICADA EM 23/MAIO/2011




Águas e Omeletes

Antes de mais nada, peço desculpas aos leitores pelos 18 dias sem atualizações no blog Circo News. Uma série de fatores fez com que o blog tivesse essa pausa forçada. Primeiro o meu PC precisou ser formatado. Depois o Blogger.com entrou em manutenção, o que tornou imposível o acesso à minha página de edição do blog. Aliado à isso, duas semanas intensas de trabalho, pequenos percalços do dia a dia e grandes problemas pessoais. Problemas que afetam minhas idéias, minha auto estima, meu dia a dia e claro, o blog.
Sei que centenas de pessoas acessam minha página diariamente para se informarem e se divertirem e se decepcionaram muito neses últimos dias. Alguns enviaram até comentários meio ofensivos, os quais aceitei e publiquei.Mas aqui estamos, com uma edição novinha em folha do Circo News. E na minha coluna desta semana, gostaria de falar um pouco sobre duas coisas:
Primeiro, sobre a entrevista de Débora Colker à Jô Soares. Para quem não sabe, e muitos não sabem, Débora Colker é a diretora do espetáculo Ovo, do Cirque du Soleil. E é brasileira. Suas ideias e colocações encantaram o apresentador da Rede Globo, que não poupou elogios pelo excelente trabalho como diretora. Ora, mas não deve ser muito difícil dirigir um espetáculo com um orçamento multi milionário, que conta com os melhores artistas do mundo, com uma estrutura de primeiro mundo e com tempo de sobra para se definir todos os detalhes, desde a cor do tapete que irá revestir o piso do refeitório até os gestos faciais do figurante que irá tocar o solo com o dedo, no momento em que o acróbata dará um salto mortal. A diretora falava sobre sua experiência à frente de Ovo, como se aquilo fosse um pesado fardo carregado por ela e por todos os envolvidos no projeto. Pois digo à renomada diretora e ao apresentador Jô Soares que se querem ver dificuldades, convivam apenas uma semana dentro de um circo brasileiro. Pode ser o maior de todos, o mais luxuoso e o mais bem equipado. As dificuldades são grandes, e são enfrentadas todos os dias, anônimamente, sem que ninguém nos entreviste. A entrevistada disse ainda que sua nova peça de teatro está na estrada com uma gigantesca estrutura de duas carretas de equipamentos e que mesmo com o patrocínio da Petrobrás, estava muito difícil fazer teatro no Brasil. Imagine então o circo, que não tem patrocínio desse porte e tem que manter na estrada oito, dez, quinze ou vinte carretas.

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Fui ao cinema esses dias assistir Água para Elefantes. O filme vale pela atuação do velhinho, que conta sua história para o dono do Circo Vargas e emociona a todos. Apesar de mostrar muito a realidade de um circo, a história foi vaga, deixando a desejar. Em termos de circo, nenhum filme bateu O Maior Espetáculo da Terra, de 1951.
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Por estes dias, recebi visitas de grandes amigos e colegas de profissão. Muito me honrou receber em minha casa, amigos como Luis Muñoz e seu pai, Alberto Getino, Rodrigo Konorat, Maria Perez, Araceli Passos, Luiza Palácios, Marcos Bonaldo, Téo, Giovana Orfei e Clarinha Ruiz, que apesar de ser minha amiga há muitos anos, foi a primeira vez que a vi pessoalmente. Uma pessoa extremamente linda, por dentro e por fora.
E ressalto aqui que adorei conhecer uma pessoa, que em tão pouco tempo, se tornou uma grande parceira, amiga e irmã: Cecília Vostok. Que ser humano fantástico! Pessoa alto astral, divertida, inteligente e antenada. Ah, Samantha, para você não ficar enciumada, adianto: penso o mesmo de você, viu?
Esse é o lado bom da vida. Manter as amizades verdadeiras e sempre que puder, ganhar mais amigos.
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Por fim, quero agradecer ao amigos que se lembraram de meu aniversário e mandaram os parabéns em forma de recados, scraps e e-mails. Muito obrigado à todos!
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COLUNA PUBLICADA EM 16/ABRIL/2011




Muitas coisas para falar

São exatamente 4:29 da manhã. Já é sábado, 16 de abril de 2011. Logo, o sol estará batendo à minha janela. Estou na sala de meu trailer, terminando de editar a nova edição do Circo News. Alguns devem pensar 'esse cara é louco!'. Mas adoro esse trabalho. O Blog me dá um espaço extraordinário para me expressar e, muitas vezes, através de minhas palavras, expressar também os sentimentos e os pensamentos de muitas pessoas. A minha última coluna, publicada há duas semanas, recebeu dezenas de elogios. Elogios de gente de circo que gostariam de falar as mesmas coisas que eu escrevi naquele texto e que ficaram de alma lavada.  Na coluna desta semana, vou escrever sobre vários assuntos e por isso, colocarei sub títulos em cada tema.

O Blog é de todos os circos

Esta semana conversei através do Msn com um grande amigo. Mas ele me deixou com uma certa pulga atrás da orelha. O Marlon, filho do grande Chumbrega disse que meu blog só fala de assuntos relacionados aos circos em que eu estou trabalhando. Mas analisando, percebi que o meu amigo Marlon está errado. É claro que não consigo abranger todos os acontecimentos ocorridos em todos os circos, até porque, não conheço todos os circenses do país. Mas em apenas quatro edições, o Circo News noticiou fatos de muitos circos. Na seção Estrelas do Circo News, o blog abriu espaço para integrantes de 4 circos distintos: Miller, Babilônia, Stankowich e Fantástico. Na seção Quem você aplaude e quem você vaia, demos voz à Alberto Getino, do Espanhol, Kézia Alves, do Pop Corn, Lorrana Açucena, do Big Brother e Sidney Talmas, do Las Vegas. Noticiamos o roubo da caminhonete do malabarista do Fantástico, o retorno do Vostok, a turma da Mônica no Circo dos Sonhos, a chegada do Tihany à Teresina, a volta do Kroner à capital uruguaia, a nova lona do Estoril, a chegada de mais uma linda nenêm no circo Hermanos Ayres e de um garotão no circo Moscou, mostramos fotos de uma verdadeira aventura do Circo Orlando Orfei pela Cordilheira dos Andes e debatemos sobre assuntos sérios no Conexão Polêmica. O Circo News está sempre inventando algo, sempre se renovando para manter o interesse dos leitores. Na próxima semana estréia o Blog Teste, um divertido jogo de perguntas e respostas com circenses de todo o país. Dezenas já responderam e eu tenho certeza de que cairá no gosto popular. E para o marlon não reclamar, faço aqui um convite, em público, para que você participe do Blog Teste.

Os Alexandres, os Heróis e os

Anti-Heróis

Lembrando um outro texto meu publicado há mais ou menos dois meses aqui no blog, que falava sobre os heróis do circo, ressalto agora três Alexandres: O Alexandre Vostok, por toda esta vitalidade, vontade, coragem e competência que está demonstrando, ao voltar ao batente e manter este circo em que trabalho. Vejo o amor que ele tem pelo circo e seus olhos não escondem a saudade que ele estava deste contato com a serragem, com a arte e principalmente com o público. E dá gosto de ver as pessoas saindo do circo, após o espetáculo, e pedindo fotos, cumprimentando e parabenizando este homem que sem dúvida nenhuma, é um grande herói. Outro herói é o Alexandre Robatini, do Kroner. Percebo a constante renovação de seu circo, sempre mostrando nova estrutura, uma mais linda que a outra, diga-se de passagem, e sempre contratando artistas. Apesar de não conhecê-lo pessoalmente, acredito que este seja uma mente brilhante, que sabe onde investe seu dinheiro e que mantém um grande circo através de sua ótima administração. Por fim, dou o título de heróis também ao Alexander Mespaza. Ele não é Alexandre porque as letras finais são trocadas, mas tem uma garra louvável. Pelo que se vê, através de seu espetáculo e da beleza de seu circo, Mespaza é ousado, perfeccionista, detalhista e exigente. Mesmo já tendo um ótimo espetáculo, ainda investiu mais, contratando de uma tacada só o sempre ótimo Kuxixo, os belíssimos números da Mara e da sua filha e o fantástico Kaká Mambelli.
Se por um lado existem os heróis, por outro lado existem os anti heróis. Vejam só os exemplos: Dos circos que estreiaram em 2009, 99% fecharam. Creio que o único sobrevivente seja o Gugu Ayres, outro herói. Gugu já passou por todas as adversidades com seu circo, mas se mantém em pé. Os outros todos fecharam. Aqueles em que as dívidas abocanharam todas as esperanças, e que não viram mais saída, até concordo com o encerramento das atividades. Mas tem casos de pessoas que viraram donos de circos que já estavam prontos, com material já pago, com lonas extraordinárias, caminhões e tudo o mais, mas mesmo assim sucumbiram. Estes são casos claros de anti-heróis. São os verdadeiros analfabetos da arte circense. Ora, ser dono de circo, não conseguir tocar e depois ter que apelar para tentar alugar seu material é algo deprimente. Mas bem diz o ditado: Deus dá o osso pra quem não tem dente pra roer...

As relíquias da Carmem

Recebi logo após o espetáculo um presente vindo de São Paulo, da minha amiga Carmem. Aliás, um não. Foram vários presentes. Uma linda medalhinha de São Bento, que, segundo ela, é um santo muito protetor e bônus dos Circos Tihany e Federico Orfei, datados em 8 de abril de 1960. Verdadeiras relíquias. Algo precioso, tão precioso quanto sua amizade, amiga Carmem. Não é a toa, que todas as pessoas a quem falo em você te elogiam, te admiram e te adoram. Eu nunca te vi, nunca falei com você pessoalmente, mas já foram horas e horas de conversas pelo msn e desde a primeira vez que nos falamos, tive a certeza de que já te conhecia há muito e muito tempo. Carmem, aqui estamos te esperando, meu trailer é a sua casa para quando quiser vir nos fazer uma visita. Falar com você sempre me faz bem. Obrigado pelos bônus, pela medalha e principalmente por ser minha amiga!

A Praça Onze é nossa, mas o carnaval ta querendo

O assunto do Conexão Polêmica da semana passada rendeu apenas 3 comentários. Desde que esta seção foi criada, em 14 de julho de 2010, o assunto sobre a Praça Onze foi recorde negativo em número de comentários. O que isso demonstra? Isto, senhoras e senhores, demonstra que a maioria dos circenses não está nem aí com nada. Se perder o mais importante e tradicional espaço para circos do país não é importante e não é assunto para se debater, então a lista de prioridades dos circenses deve estar bem longe da realidade que se apresenta cada dia mais difícil para nós. A mesma despreocupação com que os donos de circos estão lidando com esse sério problema fez com que a questão dos animais em circos se tornasse essa bola de neve gigantesca e sem solução. Essa falta de visão para realmente enxergar o problema é chamada por alguns de otimismo. Mas não foi pensando positivamente que os circos se fizeram presente na discussão dos animais e não é pensando positivo que vamos ganhar esta guerra contra o carnaval. Aliás, se o carnaval ganhar esta luta, não é por culpa deles, e sim, por culpa dos circenses, dos donos de circos que ficam imobilizados diante de algo que ao meu ver, é muito importante. As entidades carnavalescas apenas estão mostrando o quanto são organizadas e fortes, a ponto de estarem ganhando um espaço, que tem nome de palhaço e que por lei, é do circo.
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COLUNA PUBLICADA EM 01/ABRIL/2011

O Mais Feliz do Brasil

O assunto mais comentado nas rodas de circenses pelo Brasil a fora é o retorno do Vostok ao país. A todo momento, amigos e colegas de profissão me perguntam via MSN, Orkut, Facebook ou telefone como foi a estréia, como está o circo, se estamos recebendo. Pois agora, relato com todos os detalhes como foi a estréia e como está o clima aqui no Vostok.
Contrariando os mais invejosos e pessimistas, estreiamos na data marcada, com alguns minutos de atraso, e mesmo com um temporal daqueles cheios de relâmpagos e trovoadas, tivemos um bom público. É claro que o nervosismo estava presente, mas o público se empolgou com as atrações e no final, os comentários eram os melhores possíveis.
Afirmo, com todas as letras que o ambiente aqui é o melhor que já vi. O clima é espetacular. O circo é uma fábula. Aqui se sonha e se realiza. Na cabeça de muitos, a volta do Circo Vostok era um sonho, e para os mais ásperos, esse retorno era apenas uma maluquice. Alguns, mais invejosos, apostavam que não existiria estréia, que tudo era apenas uma jogada, que o circo já estava nascendo falido. Pois eis que o circo estreiou, trabalhou, mostrou a Porto Alegre um espetáculo extraordinário, como há muitos anos não se apresentava um show desse gabarito nesta capital, com 90% da companhia formada por artistas estrangeiros, mostrando números diferentes dos habituais, caras novas, de alto astral do começo ao fim.Aqui se tem paz de espírito. O Sr. Vostok é um líder nato e só pelo fato de primar pela qualidade já merece nossos aplausos. Como escrevi em uma coluna anterior, muitos donos de circo deixaram de se preocupar com seus espetáculos, visando mais lucros, baixaram as folhas de pagamentos e a qualidade foi pro beleléu. O Sr. Vostok veio para mostrar que qualidade no espetáculo é importante sim. Aqui tem uma família equatoriana que faz um número de icários excelente. Os mesmos artistas fazem pirâmides humanas sobre cilindros. O duo aéreo, vindo da Argentina é um número encantador, que emociona pela beleza plástica e surpreende pela complexidade e pelo grau de dificuldade dos truques. O malabarista é ágil como The Flech, carismático e hábil, um verdadeiro show-man. O tecido é espetacular. O adágio é o momento clássico do espetáculo e nos remete aos circos europeus. O número de contorção da boneca de pano manipulada pelo Pinóchio leva as crianças ao delírio. E quando a boneca de pano se transforma em Daniela Moura, uma garotinha de 8 anos de idade, os adultos é que suspiram fundo. No globo da morte, Ricardo Rodrigues prova que qualidade não tem nada a ver com quantidade. Em seu show solo, ele da looping de pé e sem as mãos. Ainda tem trapézio, palhaços, e para finalizar, o belíssimo aparelho de Águas Dançantes, fabricada pelo genial Flávio Almeida e manipulada por mim.
Sei que há circenses que estão falando mal do circo e do espetáculo. Garanto à todos: o circense que saiu daqui falando mal está com inveja, está despeitado. Se é artista, por não estar no elenco. Se é dono, por não ter um espetáculo do mesmo nível; ou por estar contrariado porque pensou que o Vostok não seria nada disso do que é.
Sei que neste momento, muita gente está pensando como sou puxa-saco. Minha intenção não é esta. Estou escrevendo nesta minha coluna exatamente o que estou sentindo. Me sinto feliz aqui. Aqui sou respeitado e valorizado. Minha vinda para cá, me abriu uma porta nova, com outras possibilidades. Literalmente, minha vida mudou. Estou mais alegre, minha auto estima voltou, acordo cedo cantando, sinto prazer em respirar.
Eu andava cansado. Gostava muito do meu antigo emprego. Era uma casa muito boa. Fazia muitas coisas, mas eu não passava de um carinha que vivia à sombra dos outros. Sempre tinha uma comparação. " O Fulano lotava até no meio do terremoto." ou "O Beltrano segurava o microfone assim, se vestia assado..." Eu sempre ouvia isso. Mas ia levando, trabalhando, fazendo sempre um pouco mais do que a obrigação. Só resolvi sair porque tomaram o meu lugar. Apenas por isso. O que acho errado, porque se fosse o contrário, eu jamais iria para um circo promover a estréia se já tivesse um profissional encarregado dessa área. Lembro quando eu estava no Beto Carrero tendo sérios problemas com a gerente que queria me ver fora da empresa e ela tentou contratar o Chico locutor diversas vezes e a resposta dele sempre foi a mesma: Só iria no momento em que eu resolvesse minha situação. Jamais iria tirar meu lugar. Nos dias em que fiquei parado em minha casa, recusei um contrato pelo mesmo motivo. Assim fazem as pessoas que tem ética. Assim fazem os grandes profissionais.
Ora, chega um momento em que você cansa de ser sempre comparado a alguém. Até mesmo em oportunidades que tive de ganhar mais dinheiro, quando promovia espetáculos, trabalho que não executo aqui, sempre havia uma comparação. Se meu espetáculo fosse fraco, era porque supostamente eu tinha dormido muito, ou tinha ficado na frente do computador o tempo inteiro, mas se lotasse, o que frequentemente acontecia, não era por minha causa, e sim porque a praça estava descansada, ou o motivo da lotação era o cortejo de duas carretas baú pela avenida principal da cidade. Para algumas pessoas, nunca o meu trabalho lotou uma estreia. Nunca, meu trabalho como locutor faria falta.
Não sou o Geovane nem o Paulo Pipoca. Não tenho a pretensão de ser o melhor locutor do país e nem sou o pior. Mas com certeza, neste momento, aqui no Vostok, sou o locutor mais feliz do Brasil.
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E não é que acharam o microfone?

Fui embora do meu antigo emprego em uma mudança. Terminei a praça e levei meu trailer para minha casa. Isso foi numa segunda-feira. Na sexta-feira, dia da estréia do circo em que eu estava, me ligaram de lá perguntando se "por acaso, por algum engano", eu não tinha trazido a base do microfone junto, dentro de minha casa. Ora, a base do microfone nem ficava comigo! Fiquei nervoso, pois esse tipo de pergunta insinua claramente que alguém havia roubado a tal antena. E o suspeito era eu. Bem, como tenho a consciência tranquila, a raiva passou em alguns minutos. Mas como Deus não joga, mas fiscaliza, eis que essa história teve um desfecho rápido e surpreendente. Não é que o microfone "supostamente roubado" apareceu aqui no Vostok?!!! Sabem como? Foi vendido pelo seu dono, juntamente com uma aparelhagem de iluminação ao circo em que estou agora. E estava junto de sua base. Ou seja, ele não havia sido roubado! E, por ironia do destino, aqui, eu estou anunciando o espetáculo com o mesmo microfone que, na cabeça de uns, eu tinha roubado. Que rolo!
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Flávio Almeida, um grande professor!


Mais um grande ponto positivo do Vostok: as pessoas que aqui trabalham parece que foram escolhidas à dedo. São grandes profissionais! E pessoas formidáveis. Vou falar agora de uma pessoa que conheci semana passada, aqui no Vostok e que, sem dúvida, já é um grande amigo. Flávio Almeida, o maestro das Águas Dançantes, construtor do aparelho, artista, um verdadeiro engenheiro, mestre e professor. Flávio é uma daquelas pessoas que você agradece por conhecer. Um cara inteligente, que sabe o que fala, sabe se expressar. Tive a honra de conviver com ele durante 4 dias, enquanto ele me ensinava a manejar o aparelho das Águas Dançantes. Flávio, meu amigo, se eu aprendi em tão pouco tempo foi porque tive o melhor de todos os professores. Obrigado por ser meu amigo!
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 20/FEVEREIRO/2011

Grandes momentos:
A entrevista com um mestre

O primeiro circo que assisti na vida foi o Mexicano, da dona Beba, em 1987. Ná época, tinha 6 anos, estava na segunda fileira de cadeiras e o chimpanzé Alex, naquele dia apresentado pela dona Luiza, saiu do picadeiro e veio em minha direção. Ficou do meu lado, segurando os cabelos do meu primo. Deu um certo susto na gente, mas eu acho até hoje que naquele dia o chimpanzé Alex, ao me ver, com os olhos brilhando de felicidade por estar em um circo, previu meu futuro. Um ano mais tarde fui ao Vostok, que alvoroçou minha cidade, armando suas gigantescas lonas, e anunciando pelas ruas da até então pacata Sapucaia do Sul que estava armando fora da cidade por ser o maior circo do mundo. Uma quantidade nunca antes vista de lonas, carretas, animais e traillers deixaram a minha cidade de cabelos em pé. Até trator o circo tinha!
Pois bem, na estréia, lá estava eu, acompanhado de minha mãe, no meio de uma verdadeira multidão, que hiperlotava aquela estrutura babilônica. No começo do espetáculo, o sr. Alexandre Vostok fez um discurso agradecendo a recepção do público. Lembro de cada detalhe, das grandes bolas amarelas jogadas pelos artistas, do futebol de cachorros, da cama elástica, do homem que ficava pendurado pelos pés em uma corda pegando fogo, e da decepção ao entrar no circo e não ver o globo da morte ao lado da cortina. Lembro que minha mãe disse: "Ué, a propaganda na televisão dizia que tinha 3 motos no globo da morte e nem o globo tem." 3 motos! Era uma louca inovação para a época. Nenhum circo havia se atrevido a tamanha façanha. No máximo eram dois globistas. Mas no final do espetáculo, a surpresa: as cortinas se abrem e um globo todo iluminado adentra o picadeiro. Outra inovação: um globo que anda! E no final, o momento que eu mais esperava: Ver ao vivo, de perto, o dono do circo dizendo "Tchaaauuuu". Minha ida ao Circo Vostok foi o estopim para a decisão da minha vida. Naquela noite, ao deitar na minha cama e relembrar todos os momentos mágicos vividos por mim no circo, decidi ser artista de circo.
Pois bem, o tempo passou e 23 anos depois cá estou eu. Já trabalhei em grande circos, conheci as maiores figuras circenses e ontem, 19 de fevereiro de 2011, vivi um momento de muita emoção. Entrevistar o Sr. Alexandre Vostok, saber seus pensamentos, sua visão de circo e suas opiniões sobre os mais diversos assuntos. Em uma hora e meia de bate papo, saboreei cada frase deste gênio. Uma mente realmente brilhante, que entrou no mundo do circo para revolucionar e que está voltando à ativa, no alto de seus 69 anos, mas com a vitalidade de antigamente. O mundo do circo só tem a ganhar com este retorno triunfal. E, durante a entrevista de ontem, revivi minhas primeiras emoções dentro de circo. Realmente, o chimpanzé Alex estava certo. Naquela matinê do Mexicano do longínquo 1987, meu destino já estava traçado.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 14/FEVEREIRO/2011

O Super Herói

Dia desses, meu filho de apenas três anos nos pegou de surpresa, ao dizer que era um super herói. E justificou: "Sou um super herói e as crianças precisam de minha ajuda!" Meu filho inventou isso do nada, mas na verdade, ele queria mesmo era nos convencer a deixá-lo brincar com as outras crianças fora do trailer. Ou seja, com apenas três anos de idade, ele ja está aprendendo a arte da secretaria de circo, a arte da 'dobra', da 'bidosa', ou seja lá o nome que tem esta interessante arte de fazer o não virar sim, de sair pela culatra de situações difíceis, de omitir detalhes, de engrandecer o que não é la tão grande, de enaltecer o que não é tão bom e de diminuir os problemas até que tudo se resolva, mesmo que seja apenas empurrando com a barriga.
É verdade, os secretários de circo são verdadeiros super heróis.
Da mesma forma que os secretários, os capatazes e empregados também poderiam usufruir desta mesma denominação, afinal montar e desmontar circo, às vezes na grama, às vezes no asfalto, às vezes no pântano, não é nada fácil. Neste ponto faço uma observação: Já trabalhei com diversos capatazes e vi o trabalho de cada um, mas destaco aqui um ato de um verdadeiro super herói: Na cidade de Torres, há duas semanas, presenciei algo que achava que era impossível, ou quase. O capataz Pererê ergueu os mastros do circo onde trabalho praticamente sozinho. Ele e dois diaristas. Eu disse diaristas. A carreta dos empregados ainda não havia chegado e, ao invés de cruzar os braços, o que muitos capatazes fariam nesta hora, o Pererê resolveu arregaçar as mangas e fez seu serviço. Sem gritar, sem reclamar alto, sem bater em ninguém, sem querer ser um super herói. Mas o Pererê, em sua humildade, nem estava percebendo que seu trabalho, naquele momento estava sendo um ato heróico.
Os motoristas, encarando a estrada constantemente, na chuva, no sol, na neblina, na madrugada, engatando carretas, subindo serra, desatolando cavalinhos e evitando sempre um 'amigo patrulheiro' também podem ser chamados de heróis.
Super heróis também são os artistas, que se esforçam para obter um número, ensaiam, fazem suas roupas, encaram os perigos das estradas, aguentam os vales, tornam-se sócios dos proprietários quando o circo vai mal e apenas funcionários quando o circo vai bem. E estão sempre alegres, sorridentes e brilhantes na hora do espetáculo, mesmo que estejam passando por qualquer adversidade da vida.
E o que dizer dos donos? Estes já vestem diariamente a roupa do Super Homem, pois matam um leão por dia. São como protagonistas de novelas, todos os problemas do circo recaem sobre eles. Afinal, eles são os donos. Se ganham dinheiro, investem no circo, no material. Se a praça for fraca, acarretam prejuízos. Respiram circo 24 horas por dia, não existe folga, descanso. Se um artista está com dor de dente, se o empregado está bêbado, se o diarista quer receber antes do término da montagem, se o carro da propaganda quebrou, se a potência do som queimou, se os ingressos não foram carimbados, se o pedido da luz não foi feito, se a montagem está atrasada, ou ainda se o circo vai mal, tudo recai sobre as costas do dono.
O circense é um super herói por natureza. Pensem no Sr. Paulo Pipoca, um herói da propaganda. Ele lotava os circos mesmo em dia de chuva, só com seu arsenal de papel na rua e continua imbatível mesmo após quase três anos de sua morte. Outro herói desta nobre arte é Beto Carrero, que foi para a sala de cirurgia combinando com seus assessores a reunião que faria para abrir outro circo. Não podemos esquecer do Sr. Roberto Portugal, que lutou durante toda sua vida para montar e manter o circo Estoril e nos deixou logo após adquirir uma estrutura toda nova, deixando como legado para sua família o trabalho e a seriedade. Assim como eles, tantos outros super heróis passaram pelo nosso meio circense e todos deixaram suas marcas. Há os heróis do presente e haverá muitos outros heróis no futuro. Há aqueles que são indignos desta denominação, mas até estes devem olhar e sentir inveja dos verdadeiros heróis.
Quando pergunto ao meu filho o que ele quer fazer quando crescer, ele de imediato me diz que quer fazer globo da morte, mas sinto que ele já carrega o jogo de cintura de um bom secretário de circo. Seja ele globista ou secretário, um coisa eu tenho certeza: meu filho já nasceu sendo um super herói.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 02/DEZEMBRO/2010

A falta de qualidade
virou epidemia

Infelizmente, tenho que admitir que os circos no Brasil estão passando por uma fase não muito agradável. E não é por falta de público, porque, por experiência própria, já comprovei que quando um circo entra bem em uma praça, é difícil dar errado. Quando digo 'entrar bem em uma praça', é quando o circo faz todo um planejamento, trabalhando com antecedência, com publicidade em todos os veículos de comunicação possíveis, fazendo barulho, e com todos os trâmites legais em ordem.
A má fase a que eu me refiro se passa na mente da maioria dos donos de circos, no que se refere à qualidade de seus espetáculos. Parece uma epidemia, mas se você fizer uma turnê pelos circos no Brasil, você vai ver espetáculos deprimentes, que pararam no tempo, shows com duração de uma hora, cheio de reprises, sem nenhuma produção. Não estou falando só dos circos pequenos, tocados pela família dos próprios donos. Estou me referindo à grandes circos, que hoje ostentam boas estruturas.
Se você não quiser viajar pelo país, faça uma turnê virtual pelo Youtube. Lá você vai encontrar vídeos de quase todos os números, de quase todos os circos. O que mais me chamou a atenção na última semana foi o vídeo de uma trupe de báscula que entra no picadeiro ao som de "Jingols Bel-Já chegou o Natal". Acreditem: Estão todos vestidos de malha, e com o gorro do Papai Noel! A coreografia é uma coisa inexplicável. Entre um salto e outro, os Papais Noéis dançam ciranda cirandinha, dão as mãos uns aos outros, fazem passinhos... Tudo no maior clima natalino. Meu Deus! Quem inventou uma coisa dessas?
Na atual fase, o pensamento de muitos proprietários está voltado ao bar, por ser algo muito rentável. Mas circo vende espetáculo, e não pipoca. Ninguém sai de casa em uma sexta feira à noite para ir à uma estréia comer uma pipoquinha. As pessoas esperam ver um espetáculo agradável, divertido, e comer pipoca é uma consequência. A praça de alimentação precisa estar impecável? Claro, mas o picadeiro precisa estar melhor!
Espetáculo bom não precisa ser necessariamente caro. Quando fui gerente do Moscou 2, em São Paulo, o Tititi me deu carta branca para contratar quem eu quisesse. Ná época, sua folha de pagamento era de R$12 mil por semana. Em seu circo, estavam Geovane Braskuper, o mágico Gerson, os Farfan, os Branda, o globo com as 7 motos, os Ayres e o Lautaro. Contratei Sidney Talma com o melhor pêndulo do Brasil, além do ótimo número de malabares, a Daiana, que na minha opinião tem uma das melhores contorções, os Sbanos, o Márcio Alessandro, os Dakar, o Aranha capataz, o Chico Locutor, a família do Fred Andreoli, o Vítor palhaço Choricito, seu Zuniga e sua esposa, o Galeguito, o Leco, o Sandro Padilha, o Elói eletricista, a trupe de percha Urutã, que estavam no Spacial e o trapézio em balanço do Dimitri. Montei um espetáculo com duas horas de duração, só com feras, artistas de primeira grandeza no meio circense, e a folha era 45% mais baixa do que a do Moscou 1. Todos tinham boas vendas, recebiam no domingo à noite e viviam bem. O público saia falando maravilhas do espetáculo.
Sou da opinião de que espetáculo ruim é uma péssima propaganda para o futuro. O povo hoje em dia tem memória, sabe diferenciar coisas boas de coisas ruins. Claro que cada dono de circo sabe bem aonde aperta seu calo. Mas eu sou da opinião e sei que é possível ter um bom espetáculo, com bons artistas e ter lucro com o circo. Já que nunca mais vamos ter um Orlando Orfei com suas águas dançantes, seus ursos do polo norte, seus 9 leões domados por uma bela mulher, ou um Garcia com seus 20 chimpanzés e seus explendorosos bailados, vamos nos preocupar em fazer espetáculos com o máximo de dedicação, postura, luxo e riqueza de detalhes. O circo precisa dar uma guinada, uma reviravolta. Os grandes nomes, os grandes mestres do mundo do circo precisam se renovar. Novos Federicos, Orlandos, Betos e Antolins precisam surgir. E eu acredito que o circo um dia voltará aos seus tempos de glória.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 30/OUTUBRO/2010

O Passarinho Voou

PASSARINHO PEGOU R$500,00 PARA FAZER UM FRETE.
O LADRÃO NUNCA MAIS VOLTOU

Há pouco mais de dois meses conheci um tipo de Passarinho que, com todo o respeito ao IBAMA, no dia em que o destino colocá-lo à minha frente, algo de ruim irá acontecer. Não irei matá-lo, claro. Mas com certeza passará pela minha cabeça a vontade de, entre outras coisas, desfigurá-lo, esfregando seu rosto no asfalto áspero, e se eu tiver essa oportunidade, irei fazer. Obviamente não estou falando de nenhuma ave, e sim, de um ser humano. Aliás, esse ato de violência que acabei de descrever deveria ser feito com qualquer pessoa que se apropriasse de algo alheio. Passarinho, ex motorista do circo Italiano, chegou à Porto Alegre trazendo a frente do circo do Marcelo Palácios, que acabara de fechar suas portas. De aparência tranquila, logo conquistou a minha confiança, a ponto de oferecer à ele um dinheiro para que ele buscasse meu trailer, que estava em Pelotas, dentro de uma transportadora. Como sempre confio nas pessoas, dei à Passarinho R$500,00, dinheiro suficiente para as despesas da viagem. Ah, e por fora, dei mais R$15,00 para ele por de crédito em seu celular, pois ele poderia precisar se comunicar comigo. Pois o ladrão nunca mais voltou.
Bobo, idiota, imbecil, burro, anta... Esse sou eu, por ter confiado num cara que mal conhecia. Agora, os adjetivos do Passarinho é bem pior que os meus: ladrão, viciado, drogado, safado... E o pior, infeliz. Porque uma pessoa destas só pode ser infeliz. O nome do ladrão é Rogério. Hoje ele já está empregado em outro circo, dirige o caminhão, leva por estas estradas bens importantes de amigos meus. Os amigos já foram avisados, mas, diferentemento do que o bom senso recomenda, eles continuam dando emprego à esse viciado. Olha meus amigos, nenhum drogado é de confiança!
O mais impressionante é que, enquanto o Passarinho me roubava, sua esposa, que estava jogada em um terreno em uma cidade do Paraná, estava ligando para nós aqui do Moscou pedindo dinheiro, pois estava passando fome, juntamente com seu filho. E eu, idiota como sou, mandei ajuda financeira para eles comerem! Eu dei de comer para a esposa e para o filho do ladrão que me roubou.
Ele pode ter inúmeras razões para nunca mais ter me ligado e dado uma explicação. Talvez ele deu de esmola à algum mendigo na rua? Ou quem sabe cheirou todo o dinheiro? Talvez meus R$500,00 empedraram. Não sei. Só sei que bastava um telefonema. Passarinho, você não é como pombo de magia, que some, desaparece. Um dia vou ir aí te fazer uma visita, mas não se preocupe, não quero mais o dinheiro. Só quero te chamar de ladrão. Só isso e nada mais.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 16/JULHO/2010

O "Ti-Ti-Ti do Circo"e a
entrevista para a Record

EU SEI QUEM VOCÊ É "TI-TI-TI"


Hoje foi um dia daqueles! Matinê escolar de manhã, de tarde e sexta maluca à noite! Trabalho e mais trabalho. Nestes dias ou eu ganho um bom dinheiro, ou ganho um belo prejuízo. E hoje não foi dos melhores dias, não. O prejuízo não foi grande, mas o retorno foi pífio perto do trabalho realizado. Logo de manhã, soube através de um amigo que meu nome estava mais uma vez no "Ti-Ti-Ti do Circo". Não falava nada de insano, mas acho um desaforo um orkut que fala da vida dos outros, muitas vezes mentira, ficar assim, impune, como se nada estivesse acontecendo de errado. Claro que quem faz esse orkut de fofocas é um cara fanfarrão, que deve rir das histórias que ele recebe. Mas quem envia os scraps pra ele é mais safado ainda. O dono do perfil "Ti-Ti-Ti" EU SEI QUEM É. E ele pode esperar que o que é dele, ta chegando. Esse sem-vergonha, que difama a vida dos outros é um homem que não vale nada, um zero à esquerda metido a apaixonado, um cara que já esteve envolvido em coisa muito mais grave e obscura. Talvez eu sofra ameaças, mas o "Ti-Ti-Ti do Circo" logo será desvendado meus amigos. Mas não por mim, e sim pela Polícia Federal. E que se preparem os "amigos" que mandam as fofocas, porque muitos computadores serão revistados. Em breve!
Ah, e um detalhe: Por que sempre que se fala aqui do Moscou, o "Ti-Ti-Ti do Circo" fala bem do Jonas Santos? Um mistério não tão indecifrável assim.
Logo após a segunda matinê escolar, em meio à vários problemas para resolver, me aparece uma equipe de reportagem da Rede Record, solicitando uma entrevista. De pronto, disse que concederia a entrevista, pois pensei que fossem perguntar sobre o circo, os espetáculos, os preços e os dias de shows, como sempre se faz. Só que a entrevista era para perguntar o que eu achava da reclamação de um vizinho aqui do terreno que dizia que os varais de roupas dos traillers estava deixando a cidade mais feia. Primeiramente eu ri. Depois disse desconhecer da tal reclamação. E na sequência disse, para o jornal a seguinte frase:
_ OS VARAIS DE ROUPAS ESTÃO DE BAIXO DOS TOLDOS OU ATRÁS DOS TRAILLERS. EU QUERO SABER DESSE ILUSTRE VIZINHO SE ELE NÃO LAVA ROUPA. EM MEU TRAILLER SE LAVA ROUPA PORQUE TOMAMOS BANHO E USAMOS ROUPAS LIMPAS, AGORA SE O VIZINHO NÃO LAVA ROUPA, ENTÃO DEVE USAR A MESMA ROUPA SUJA TODOS OS DIAS.
A reporter riu e ficou sem reação. Alguns segundos e disparou a outra pergunta:
_ Mas o vizinho está reclamando também que vocês estão produzindo lixo...
Minha resposta: (Nesse momento, amigos eu já estava, com perdão da palavra, Pê da Vida)
_ OLHA, TODA A HUMANIDADE PRODUZ LIXO. ATÉ O SENHOR EDIR MACEDO, DONO DA RECORD, EM SUA CASA PRODUZ LIXO. AÍ, O CAMINHÃO DA PREFEITURA PASSA PELA RUA, PEGA OS SACOS DE LIXO E LEVA-OS EMBORA. SE EU COMO UMA BANANA, A CASCA DELA VAI PARA O LIXO, OU EU TEREI QUE COMER A CASCA DA BANANA SÓ PARA NÃO PRODUZIR LIXO, PELO SIMPLES FATO DE EU SER DE CIRCO?
A repórter riu mais ainda e sem saber o que falar, perguntou os dias e os horários dos espetáculos.
Depois em off, eu disse:
_ COMO UMA EMISSORA QUE DIZ QUERER SER IGUAL À GLOBO SE PREOCUPA EM FAZER UMA REPORTAGEM SOBRE VARAIS DE ROUPAS???
O cinegrafista riu, apertou minha mão e agradeceu a entrevista. A repórter, disse:
_ É a vida... - e saiu rindo.
Pois é, não basta os problemas de ter que pagar o conserto da caminhonete, o aluguel do modem de internet para poder atualizar e aceitar os comentários do blog todos os dias, pagar os bônus, o táxi, as boneiras, comprar comida, remédio para gripe, abastecer, mudar... ainda me aparece uma emissora de televisão me perguntando sobre varais de roupas...
É, meus amigos, é a vida...
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 13/JULHO/2010

Um pouco de Cada Coisa



Um balanço do Uruguai


Algumas semanas sem esta coluna e agora tenho vários assuntos para comentar. Mas o que mais quero fazer agora é um balanço sobre o Uruguai. Na primeira coluna que escrevi sobre o país vizinho, extrapolei, falei muito mal. Hoje, lendo as palavras que escrevi, me sinto como se estivesse em uma fase de rebeldia. Não que eu tenha mudado drasticamente de opinião. Continuo tendo quase os mesmos conceitos, mas acho que fui agressivo demais naquela coluna.
Bem, como disse na segunda coluna, em San José conheci pessoas extremamente gentis e degustei um belo 'chivito al pan'. Mas o que hoje me faz ver o Uruguai com bons olhos e o que me deixa uma certa saudade no peito foi a ida do circo para a cidade de Durazno. Fomos fazer a praça, e nos alertaram que lá era ruim para circo. O terreno não era dos melhores, mas era aonde os poucos circos que passam por lá armam. O dono do circo ainda brincou dizendo que nas praças que ele estava confiante, o circo não havia ido bem, então podia ser que nesta praça com fama de ser ruim, o circo tinha chances de ir bem. Trabalhei bastante, divulguei o circo de todas as maneiras possíveis, em um dia, dei mais de nove entrevistas para os mais diversos meios de comunicação. Resultado: Estréia com recorde de público e bilheteria da história de quase 20 anos do circo Moscou. O fim de semana, mesmo com chuvas, também foi bom. Na quinta feira, minha promoção de 'Quinta Maluca', ou melhor, 'Jueves Loco', outra vez bateu recorde de público. Mas iso foi apenas resultado de um bom trabalho. O que na verdade me fez repensar o Uruguai foi uma certa família que conheci nesta cidade. Pepe, Maisa e Estefania. Junto com seu Roberto, Pepe, o dono dos carros de som da cidade, sua esposa e sua filha, me ensinaram a gostar do Uruguai. Me mostraram uma outra faceta, que eu não havia conhecido naquele país. Pessoas boas, agradáveis, daquelas que você conhece e no mesmo instante já se considera amigo de longa data. Minha família e eu almoçamos na casa da família de Pepe. Fomos tratados extremamente bem, comemos um belo assado, e lá eu experimentei tripa de ovelha! Nojento? Sim, mas de gosto agradável. Em Trinidad tive o prazer de receber a família em meu trailer. Passamos momentos muito bons ao lado desta família de Durazno. Espero que a amizade continue para sempre. Ah, em tempo: Pepe, o jogo da sua seleção contra Gana foi o mais emocionante da Copa.
Também em Durazno um pequeno grupo do circo foi confraternizar em uma pizzaria, que ficava na frente do circo. A pizza era ruim, mas o assado era delicioso. E o melhor: o ambiente era aconchegante. No Uruguai vi paisagens lindas, meu filho me judou a assar a carne do churrasco de meu aniversário, fui no shopping, comi no Mac Donald, tive dinheiro sobrando em algumas praças, pude pagar algumas dívidas, e em outras não. Pensando bem, não foi tão ruim assim.
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Encarando o Medo



De todos os medos e fobias que eu já tive na vida, o maior sempre foi andar de avião. Sempre jurei que nunca iria andar. Pois a vida mostra que a gente às vezes precisa encarar o desafio. Estava em João Pessoa, no final de 2004 e tive que andar de avião. Logo de cara, tive que tomar coragem e voar mais de 8 horas, cruzando o Brasil, de João Pessoa à Porto Alegre. Pois de uns tempos pra cá, andar de avião se tornou um hoby se comparado aos dias de mudança. O pânico de dirigir minha caminhonete com o trailer atrás começou mais ou menos há uns 4 meses, lá por São Lourenço ou Camaquã. Durante a temporada toda do Uruguai paguei para um amigo meu motorista mudar meu trailer. Mas com em quase tudo na minha vida, tive que encarar esse pânico também em grande escala. Como na primeira viagem de avião, meu retorno ao volante da minha caminhonete foi na vinda do Uruguai para o Brasil. No total, 610 Km de estrada, de Trinidad à Jaguarão. Tudo transcorreu da melhor forma possível. A viagem foi tranquila e, apesar de ainda sentir um pouco de medo, já encaro a minha 'Bola de Fogo', como é chamada minha caminhonete, sem maiores dores de cabeça.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 12/JUNHO/2010

O Sonho de Cada Um


Cada pessoa nasce com um sonho. O meu sempre foi trabalhar em circo. Ou mais do que isso, ser um circense, ser gente de circo. Quando pequeno, ía aos circos e ficava horas deslumbrando a vida daquelas pessoas. Chegava pelo menos uma hora antes do espetáculo para ver tudo, todos os detalhes, queria ser o primeiro da fila, ser o primeiro a entrar, escutar as músicas antes do espetáculo, anotar na agenda o nome dos artistas, essas coisas. O primeiro circo que fui era o Mexicano. Tinha 6 anos. De lá para cá, muito tempo se passou. Hoje, já tenho até alguns cabelos brancos, mas continuo deslumbrado ao entrar na lona do circo. Ver o colorido, ouvir a música, anunciar o número, transmitir emoção, dar voz ao suspense, elogiar o artista, pedir os aplausos, e despedir-se com um sorriso; tudo isso me faz feliz, me faz sentir a mesma sensação de quando assisti ao Mexicano, ao lado dos meus pais. Esse amor pelo circo só fica abalado quando vejo coisas erradas e injustas dentro da lona. E acontece muito. Já vi tantas coisas. Sei que nada nesse mundo é perfeito, mas tem coisas em circos que poderiam ser evitadas. Como no circo, praticamente não existe lei que ampara nem o dono nem os artistas, a insensatez prevalece ao que é certo. Artistas que erram o trevo, capataz que bate no empregado, dono de circo que vive mau humorado, que reclama de tudo, que demite, que não paga, que age inconsequentemente, artista que corta número, que quer ganhar mais que o colega... Pra quê? Este blog foi criado há três anos com a única finalidade de botar pra fora esse meu lado ressentido com essa parte ruim dos circos. A grande maioria dos leitores de hoje, sabe que no início, este blog teve a missão de mostrar à todos as falcatruas, os roubos e as injustiças cometidas por uma pessoa. Mas o Circo News fez tanto sucesso, que tornou-se um blog diversificado, que fala de vários assuntos ligados ao circo, que informa, diverte, forma opinião e interage com gente de circo do Brasil e do mundo. Ao completar 3 anos, a cada elogio que recebo, vejo que realizei meu sonho. Apesar de não ser tradicional, sou um circense. Entrei para circo sem saber o que era um tirfor. E hoje, tenho o now-how de ter trabalhado nos maiores circos do Brasil, de ter gerenciado um circo que obteve êxito em todo o tempo enquanto existiu e que tinha quase 80 grandes profissionais, contratados por mim., e de escrever há 3 anos um blog que fala sobre circo. Dificuldades existem. Mas eu sigo caminhando na estrada do meu sonho, porque eu acredito no circo. Parabéns Circo News!
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 21/MAIO/2010

A morte do professor
e o terreno de $80 mil

CAUSOU-ME ESPANTO A REPERCUSSÃO DE MEU TEXTO SOBRE O URUGUAI. GANHOU DA ENTREVISTA DO JONAS. MAS GARANTO:
EM SAN JOSÉ, ALGUMA COISA MUDOU

Recebi com tristeza a notícia da morte do Sr. Richard Wagner, o homem que me ensinou a arte da secretaria, a maneira de falar bem, de conversar com diretoras de escolas, prefeitos e empresários de igual para igual. Seu Wagner estava em coma há 9 meses, quando sofreu um AVC. Tinha mais de 80 anos e faleceu no início deste mês. Sem dúvida foi um grande homem, inteligente, comunicativo, perspicaz, e mais do que tudo, apaixonado. Deixa saudades e um exemplo a ser seguido. Seu Wagner, que o senhor esteja perto de Deus.
Causou-me espanto a repercussão de meu texto sobre o Uruguai. Teve mais comentários que a entrevista do Jonas, e olha que o Jonas tocou em mais assuntos polêmicos do que eu. Como eu disse em um comentário respondendo ao amigo Fabrício Gadea, não me indigno com o país Uruguai, mas sim com a minha falta de preparo e grande ingenuidade em ter acreditado em tudo o que me disseram. Juro que pensei que aqui seria o País das Maravilhas. Mas tudo bem. E parece que para calar minha boca, o circo veio para San Jose, cidade de 70 mil habitantes, a mais ou menos 90 km de Montevidéo. E não é que aqui encontrei pessoas encantadas com a chegada do circo, que realmente me trataram como um artista da televisão? Desde a chegada, quando meu trailer entalou na entrada do terreno, de péssimo acesso por sinal, tanto que meu trailer está na rua, até minhas visitas nas escolas e nos comércios para promover a estréia, as pessoas me trataram super bem, fazendo perguntas, e demonstrando prazer em ajudar e me receber. E não é que aqui a estréia bombou? A primeira porcentagem gorda do Uruguai!!! E mais: agora respondendo ao meu amigo Matraca, aqui conheci um restaurante bom! Só que não tinha arroz! Mas tudo bem, o restaurante era bom, mas nada é perfeito mesmo. Fui a Colônia com meu amigo Pimentel fazer a praça e degustamos uma deliciosa parrillada. A costela estava muito boa, porém aquela 'linguiça preta' foi impossível de comer. E para acompanhar veio uns 20 pedacinhos de batatas fritas. O preço: $300,00. Ah, também comi chivito aqui. Muito bom, é o lanche que mais se assemelha ao meu amado xis brasileiro. O preço: $90,00, quase R$9,00, pouco mais caro do que no Brasil.
Mas o que dá nome à segunda parte do título deste texto foi o preço pedido pelo presidente do campo de futebol da cidade de Colônia, para que o circo se instalasse por dois finais de semana: $80.000,00! Isso mesmo, oitenta mil pesos! Quase oito mil reais! A cidade tem 35 mil habitantes. Por este preço, se arma por um mês inteiro em um terreno dentro de São Paulo, cidade com 15 milhões de habitantes!!! Mas como o Caneta é um grande negociador, ele conseguiu por bem menos. Esse Uruguai!!!
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 03/MAIO/2010

Diário do Uruguai: O país da 'milanesa'

ALGUNS AMIGOS ME DIZEM QUE SOU LOUCO...
E AFIRMAM QUE ESTE É UM PAÍS MARAVILHOSO PARA SE GANHAR DINHEIRO... MAS ATÉ QUE ME PROVEM O CONTRÁRIO,
PREFIRO O MEU BRASIL!

Dia desses pensei em escrever uma carta pro Gugu, pra ver se ele, através de seu programa na televisão, me manda "de volta pra minha terra". A vida no Uruguai, país tão próximo e aparentemente amigo, é muito diferente da vida no Brasil e eu estou tendo uma dificuldade imensa para me adaptar. A começar pelos preços dos alimentos. É tudo tão absurdamente caro, e o dinheiro aqui não vale quase nada. Os uruguaios são apaixonados por milanesa. Tem milanesa ao pão, milanesa com omelete, milanesa com arroz, milanesa crua, milanesa, milanesa, milanesa... São tantas opções de lanches, mas 98% deles vem com milanesa! E o pior, é um bife fino, que parece uma sola de sapato. Mas eles adoram!
E me disseram que aqui a gastronomia era maravilhosa!
As pessoas que vêem ao circo são extremamente exigentes. Aplaudem só o necessário, pouco se entusiasmam. Levantar? Nem pensar! Reclamam da falta de ar condicionado na "carpa", do canudo usado no refrigerante, da cadeira que não é estofada. Exigem os direitos. Até demais.
E me disseram que aqui as pessoas de circo eram tratadas como se fossem o Tarcísio Meira!
Aqui se paga até pra respirar. Os impostos cobrados pelas prefeituras são demasiados. Tem fiscal pra tudo. Em Canelones, cidade de apenas 30 mil habitantes, cinco, isso mesmo, cinco bombeiros vieram fazer a vistoria.
E me disseram que aqui tudo era facilitado para os circos!
A impressão que se tem é que se está no nordeste brasileiro, com a diferença de que aqui uma Coca Cola de 2 litros no mercado não sai por menos de $52,00, algo equivalente a R$5,00. No nordeste brasileiro, a Coca Cola é bem mais barata e o público é bem menos exigente.
Eu fui um dos mais entusiasmados com a idéia de vir trabalhar no Uruguai. Mas até agora, para mim, o dinheiro, a boa comida, o público amável e a facilidade para se trabalhar e se ter retorno financeiro é apenas lenda. Ou algo que aconteceu já há algum tempo. Mas e as coisas boas? Claro que existem. Montevideo é cheia de paisagens lindas. Punta Carretas, na Rambla, onde estávamos com o circo é parecido com Copacabana, com seus prédios luxuosos, avenida bem sinalizada e o Rio del Plata, que parece o mar. Roupas e eletroeletrônicos são baratos e acessíveis ao trabalhador comum. As cidades do interior não recebem circo há pelo menos 5 anos e as estradas não são movimentadas. Simpáticas e aconchegantes também são as feiras ao ar livre dos fins de semana, onde se encontra de tudo. Na realidade, se eu fosse apenas turista iria voltar ao Brasil com uma ótima impressão do país vizinho. Mas profissionalmente falando, na próxima vez, se houver próxima vez, pedirei aumento de salário, pois o salário em real recebido no Brasil é bastante desvalorizado quando convertido em peso uruguaio. Me desculpem os uruguaios, não tenho nada contra o país, mas em nada ele parece com o País das Maravilhas que me foi apresentado anteriormente. Aqui também se trabalha para 25 pessoas dentro do circo. Aqui o público também pede a presença dos animais, aqui as ONGs também infernizam os circos. E aqui, se trabalhar com preço popular, o circo lota. Mas com preço baixo, no Brasil também se lota circo, pagando bem menos impostos do que aqui. Amigos como o Piti vão discordar, pois o público aqui está enlouquecido com o Algodão doce. Também pudera, o algodão doce do Piti dá de dez na famosa e tradicional "milanesa".
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 15/DEZEMBRO/2009

A Hora do Almoço

A hora do almoço no Circo Spacial era mais do que o momento da refeição. Era o momento de, além de se deliciar com os pratos servidos pelo casal Tangará, também de receber uma aula de dedicação, de experiência de vida, de arte e principalmente de amor. Nada no circo Spacial me encantava mais do que a cozinha. Quanta organização! E o casal Tangará era responsável por tudo isso. Como era bom almoçar ouvindo as histórias do seu Durbes, e vendo o sorriso encantador de Dona Cleide. Sorriso tão encantador que Deus decidiu ver bem de perto.
No último domingo, o circo ficou mais triste.
Perdemos dona Cleide, perdemos seu sorriso, perdemos suas deliciosas refeições, perdemos a amiga, a mãezona, a conselheira; mas ganhamos um anjo. Penso muito em seu Durbes. Ele vivia para dona Cleide, demonstrava seu amor por ela em cada gesto, em cada palavra, até no olhar. Rezo para que Deus dê forças à ele.
A última vêz que vi dona Cleide foi há 4 anos atrás, quando me despedi dela para ir trabalhar no circo do Beto Carrero. Foi o último abraço. Depois disso, algumas vezes nos falamos por telefone. Assim como seu Durbes, dona Cleide irá ficar para sempre guardada em meu coração, no cantinho chamado ternura. Acho que essa palavra a define bem: ternura. Seu sorriso vai ficar na memória de todos, sua vida foi uma lição para muitos e o amor perdeu uma de suas protagonistas. Esse amor, que ela esbanjava, precisa ser o porto seguro para que seu Durbes continue a viver. Que a lembrança do sorriso de dona Cleide dê a força que seu Durbes precisa. E que os conselhos que ela sempre nos deu sejam ensinamentos eternos para todos que tiveram o prazer de terem convivido com ela.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 12/MARÇO/2008

Uma festa triste

Não escondo de ninguém que eu estava ansioso, esperando o resultado da reunião deste dia 11 de março. Afinal de contas, também estava em jogo o futuro de uma pessoa que me prejudicou e que demitiu e atrasou a vida de muita gente desde que passou a ter o poder em suas mãos. A minha perspectiva era otimista, tanto que mandei preparar um banner novo para por no blog dizendo que a justiça, enfim aconteceu, e botei uma champagne no freezer, para comemorar.
Mas logo que recebi as informações, me vi perplexo diante dos fatos. De imediato veio a boa notícia, a de que essa pessoa que tentou atrapalhar minha vida (e conseguiu, por um certo tempo) estava fora do jogo. Mas logo, uma grande tristeza encheu meu peito, ao saber que dezenas de famílias, amigos meus, haviam sido demitidos e que dois circos haviam fechado. Me senti transtornado diante de tal situação.
Minha vontade era de comemorar pois, desde junho do ano passado esperava ver essa pessoa do mal fora da empresa. Há 9 meses que tento, através deste blog, provar que esta pessoa fez mal não só à mim, mas à toda uma companhia e estava também prejudicando a própria empresa. E, nas noites em que eu não conseguia dormir, pensando em como era boa minha vida e no inferno em que esta pessoa a transformou, lembrava das palavras do Beto Carrero, me dizendo o quanto eu era competente e o quanto ele havia gostado do meu trabalho. Competência esta que a mentira anulou. Mentira dita por esta pessoa, que hoje também está fora da empresa. E esta pessoa é tão petulante, que teve o displante de querer sair como heroína, mais uma vez, mentindo à todos. É uma criatura digna de pena, que vive na mentira e acaba acreditando nas suas mirabulosas histórias. Hoje, todos aqueles que foram prejudicados por esta infeliz criatura estão com suas almas lavadas.
O banner de abertura do blog esta semana refere-se à isso, meus amigos. Peço desculpas aos meus colegas que estão em difícil situação, mas esta alegria eu não consigo esconder. Apesar de não querer o mal dessa pessoa, a justiça é sempre bem vinda e tudo o que ela plantou até agora, com certeza, hoje ela está apenas começando a colher.
Mesmo assim, a champagne eu não vou estourar. Em respeito aos meus amigos, às famílias que hoje se vêem completamente desamparadas e sem rumo. Infelizmente, o meu, o seu, o nosso herói não está mais aqui para ajudar. O que aconteceu nesta terça-feira não tem explicação. O circo do Tuti, por exemplo, estava indo muito bem no Estado de Minas Gerais. Sua despedida deste Estado foi com 4 espetáculos no sábado e 4 no domingo, completamente lotados.
O que me resta agora é rezar e torcer para que todos estes profissionais sejam contratados por outros circos. A minha festa não será alegre e terá um gosto amargo. A minha festa, hoje, será triste.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 18/FEVEREIRO/2008

Valeu pela propaganda


Ao assistir, hoje, a mais uma etapa classificatória para a final do quadro "O Melhor do Circo", do Domingão do Faustão, comprovei o que eu já pensava. A segunda edição do quadro foi arquitetada de uma maneira errada. Os números que competiram entre si nos últimos 4 domingos em nada se pareciam, eram atrações completamente diferentes, voltadas para públicos diferentes. Já no primeiro domingo, o erro na escalação dos artistas era evidente. Como querer comparar um número de paradas clássicas, com música ornamental ao fundo, com um extasiante show de malabares e com o animado número de Brenda Krateyl? Depois, continuou o erro: O arqueiro competiu com um frio e demorado ato de magia e com um número de equilibrismo. No terceiro domingo, um globo da morte com 8 motos disputou a vaga na final com a rápida roda alemã de Robert Stevanovich e com um número de força. Mas o cúmulo mesmo foi hoje, onde a disputa ficou entre magia, reprise e arremesso de facas. Como querer comparar uma coisa com a outra?
A dupla Matraca e Moroco apresentaram o que é, na minha modesta opinião, o seu melhor número. As estátuas romanas merecem os mais calorosos aplausos, pois sempre arrancam do público demoradas gargalhadas. E não falo apenas na veia cômica da dupla. Some às engraçadíssimas figuras do pai e do filho, um guarda roupas lindo e impecável, e a elegância de Patrícia. Os três formam uma linda família e, no picadeiro mandam muito bem. A magia de Maicon Gleic foi bem produzida, com um bom bailado de abertura, mas o aparelho não ajudou. Primeiro por ser um aparelho só, o que deixa o público esperando mais. Segundo porque o truque não é muito intrigante. É daqueles aparelhos bonitos, mas de pouco visual. Mas valeu pela presença de palco do mágico, que é jovem, mas profissional. Já o arremesso de facas levou o Domingão ao circo tradicional. Não é um número na qual sou fã, pois acho meio sem sentido, um atentado direto à vida. Mas sei que tem muita gente que gosta e que, lá no programa, impressionou boa parte da platéia. O artista errou várias vezes, mas levou o título de vencedor.
Na minha opinião, na próxima edição do quadro (se houver), os critérios de classificação devem ser por categorias, como foi na edição anterior. Equilibrista deve competir com equilibrista. Mágico, deve competir com mágico. Palhaço, com palhaço. E assim por diante.
Mas mesmo assim, devemos muito ao Faustão. Posso até estar aqui reclamando de barriga cheia. A mídia que o Faustão proporcionou aos circos brasileiros com esse quadro é infinitamente maior do que os problemas na sua organização. Todos os circos ganharam com isso. Afinal, foram em média duas horas e meia de propaganda para os circos. É uma mídia de valor impagável. De qualquer forma, dou aqui minhas recomendações para as próximas edições:
CATEGORIA PALHAÇOS: Chameguinho e Faxinildo (Beto Carrero World), Chuvisco fazendo o Canhão (Monte Carlo), Chumbrega e Panqueca, fazendo o musical (Stankowich)
CATEGORIA PARADAS DE MÃO E ADÁGIO: Família Velasques (Estoril), Ruan Puentes (Monte Carlo), Trupe Akibar (Beto Carrero- Tuti)
CATEGORIA EQUILÍBRIO: Pablo Hanglin, arame (Circo Kalarrari), Juninho Santiago, monociclo (Marcos Frota Circo Show), Alfredo Munhoz, monociclo (Beto Carrero-Ticuito)
CATEGORIA MALABARES: Douglas e Cássia Tangará (Circo Broadway), Carol e Tiago (Spacial), Marino Reyes (Beto Carrero-Ticuito)
CATEGORIA ANIMAIS: Macaco Yuri (Moscou), Elefante Baby (Beto Carrero World), Cachorros (Estoril)
CATEGORIA GLOBO DA MORTE: Moscou, com 8 motos; Pecus, que abre ao meio; Fantástico Globo, com a globista de 8 anos.
CATEGORIA ACROBACIA: Os Leopardos (Beto Carrero World), Mambo Jambo (Beto Carrero World), The African Show (Beto Carrero-Jaison)
CATEGORIA MAGIA: Julian (Academia Brasileira de Circo), Gerson (Moscou), Mixirica com o aparelho do pato (Stankowich)
Bem, estas são as minhas sugestões. É claro que só dei três opções por categorias, mas existem no Brasil muitos outros artistas, que realizam números de ótima qualidade. Existem também, é claro, números que eu não conheço, de espetáculos que ainda não assisti. E também há números bons que já foram apresentados pelo programa. Só estão citados acima aqueles que eu assisti e tenho certeza de que somente farão uma propaganda positiva aos circos brasileiros.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 11/FEVEREIRO/2008

Será que foi Justo?


Tudo bem, já sei que vou receber críticas e que alguém vai me chamar de puxa saco, mas eu não consigo acreditar que uma atração do nível do globo da morte do Circo Moscou não se classificou para a final do quadro O Melhor do Circo, do Domingão do Faustão. O Globo da morte é a atração máxima, o ponto culminante, a sensação maior de qualquer espetáculo circense. Sempre foi. E com 8 motos então, nem se fala. E o pessoal do Moscou não mostrou apenas quantidade no vídeo, e sim qualidade, pois apresentaram um show impecável, usaram motos de primeira, lindas roupas e truques fortes. Então, por que perderam?
O número de força do show Acqua é excelente, eu sei. Quando assisti, aplaudi de pé o grande artista que é o Batãa, mas a adrenalina de ver oito pessoas desafiando a morte junto com mais oito máquinas dentro de uma esfera é muito maior. Alguém vai dizer que a atração foi prejudicada por não ter sido dentro do estúdio, mesmo fato que prejudicou a apresentação do elefante, do mesmo circo Moscou, na edição anterior do quadro. Na verdade até agora eu não engoli o fato do cavalo ter vencido o elefante. Afinal, por mais inteligente que seja o animal, cavalo a gente vê todos os dias nas ruas puxando carroça, mas um elefante fazendo parada de mão, é mais difícil de se encontrar, não é todo dia que vimos, não. Mas mesmo assim, o cavalo ganhou. E hoje, não creio que o fato de a apresentação ter sido fora do estúdio tenha prejudicado.
Pare e pense comigo: Quando alguém chega para pedir informações na frente do circo, em 99% das vezes, alguém pergunta se o circo tem globo da morte. Quer dizer, o globo provoca uma curiosidade, uma reação nas pessoas. Ao ver oito motos rodando ao mesmo tempo, no circo, as pessoas vão ao delírio. E não foi diferente com a platéia do Faustão. Mas na hora do resultado, os 3% de diferença entre os dois números deixaram uma certa dúvida no ar. Seria esta uma competição séria, que realmente conta com a participação popular para decidir os vencedores?
É de conhecimento de muitos que, durante o programa Gente que Brilha, Sílvio Santos parou uma das gravações para chamar a atenção do jurado Pedro de Lara, pois este havia dado uma nota inferior ao que o apresentador queria para determinada atração. E, ao retomar as gravações, o jurado, que já é falecido, deu a nota dita pelo patrão e a atração preferida de Sílvio foi a vencedora. Na final do mesmo programa, uma cantora levou os 200 mil reais, vencendo em disparada, deixando para trás ótimas atrações como Ruan Puentes e Os Leopardos. No começo do quadro Se Vira nos Trinta, em 2002, do mesmo Faustão, artistas de um mesmo circo freqüentemente venciam. Até que Faustão descobriu que havia um acerto "entre amigos" e demitiu o diretor do programa. O apresentador chegou a reclamar ao vivo que o quadro era para gente comum, não apenas para profissionais de circo. Na edição anterior do "Melhor do Circo", minutos antes de revelar o grande vencedor, a diretora do programa Lucimara Parisi disse com todas as letras que sua atração favorita era o cavalo bêbado e não deu em outra. O cavalo venceu a cama elástica do Kuxixo, o equilíbrio de Chang e a família Zolboo, entre outros grandes números. E, naquela ocasião, a platéia ficou muito mais empolgada com o brilhante Kuxixo, mas o resultado final, foi diferente da animação que a platéia mostrou no vídeo.
Posso estar errado. Até porque o número do Batãa impressiona e me deixou encantado quando assisti. Mas de qualquer forma o programa pecou nesta segunda edição. Deveria ter sido como na anterior, por categorias. O número que hoje venceu é ideal para disputar com Chang, do Spacial. O globo com oito motos poderia concorrer com o globo do Pecus, que abre ao meio, e com o do Fantástico Globo, em que uma garotinha de apenas 8 anos é a atração.
Até agora, nesta edição do quadro, estava dando a lógica, mas hoje, o programa abriu espaço para a desconfiança quanto a sua credibilidade. Mas, de qualquer forma, valeu pela propaganda. Faustão está prestando um grande serviço à todos os circos brasileiros, mostrando em um horário onde milhões de pessoas estão na frente da TV, atrações de nível, provando para o grande público que nos circos brasileiros também existe qualidade.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 10/FEVEREIRO/2008

O Último Desfile

Ainda é difícil de acreditar que Beto Carrero morreu. O Beto era daquelas pessoas que a gente pensa que nunca vai morrer. Talves isso seja uma verdade, pois a figura do "homem do chapéu" é realmente eterna e será sempre lembrada por todos. Mas é difícil pensar que há uma semana atrás, uma história de vida tão cheia de lutas e vitórias, de sonhos e realizações, de encantamento e inteligência, de trabalho e competência, teve um ponto final.
João Batista Sérgio Murad fez de Beto Carrero mais que um ídolo, fez um herói. Crianças e adultos se deslumbravam quando chegavam perto daquele fenômeno que tranformou sua infância pobre e cheia de sonhos em uma rica realidade. E mesmo quem o conhecia, era difícil chegar perto dele, sem admirar o seu poder de sonhar, de acreditar. Pois ele mesmo sempre dizia que somente acreditando no seu sonho é que ele poderá se tornar realidade. E foi plantando sonhos na mente de muitas pessoas que viveu Beto Carrero.
Nos desfiles que fazia dentro do parque, ou nas cidades visitadas pelos seus circos, Beto esbanjava simpatia, e, por onde passava, deixava as pessoas mais felizes. Montado em seu cavalo Faísca, ou em cima de um de seus carros alegóricos, jogando os perfumados lencinhos vermelhos, Beto acenava para o público sorrindo e distribuía alegria à todos. Ele nos ensinou a sonhar.
Durante o verão de 2007, diariamente, fiz parte da turma que saía pelas ruas das praias de Guaratuba, Matinhos e Caiobá, realizando belos desfiles que promoviam o Parque Beto Carrero World. Em quase todos os desfiles, Beto estava lá e eu lembro perfeitamente da sua maneira de tratar o público, da simpatia e humildade com que tratava seus funcionários. Foi dele que eu recebi o maior elogio da minha carreira. Mas ao lembrar de todo o seu amor pelos circos e pelo parque, de toda a confiança que ele depositava em seus artistas, de toda a sua alegria nos desfiles e de todo o seu carinho ao tratar o público que sempre se aglomerava para vê-lo mais de perto, tirar uma foto e talvez tocá-lo, penso que ele não poderia ter morrido. Ainda não aceitei a idéia de Beto Carrero ter realizado no dia 1º de fevereiro, o seu último desfile. Não é fácil ver o Faísca sozinho. Mas o sonho não pode acabar. E eu acredito que o Beto, de onde ele estiver, está cuidando de sua família, de seu parque, dos seus circos. E acredito que ele quer ver alegria, e não tristeza. Por isso, cada vez que lembrarmos dele, vamos sorrir, vamos sonhar e vamos acreditar. Vamos lembrar de suas palavras e tentar realizar também os nossos sonhos.
Vou terminar este texto com as palavras do grande homem, empresário e artista que foi, que é e que será sempre Beto Carrero:
"Nada é impossível quando você acredita no seu sonho, por mais absurdo que ele pareça. Mas a verdade tem que ser maior que o sonho. É assim que as crianças sonhadoras crescem, as fantasias se realizam, o imaginário se torna real."
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 01/FEVEREIRO/2008

Parece Mentira

É difícil assimilar a morte de uma pessoa como Beto Carrero. A impressão que se tem é que a qualquer momento alguém vai me mandar um e-mail ou vai me ligar dizendo que é mentira, que foi tudo um boato. Mas, infelizmente, isso não vai acontecer.
Um dia depois de sentir uma das maiores alegrias que um homem pode viver, a de ser pai, eu hoje, acordei recebendo a notícia da morte do Beto. Fiquei chateado, triste, sem reação. Por instantes, achei que se tratava de mais um boato, como foi em setembro. Mas logo, ao ligar a televisão, tive a comprovação de que a notícia que havia recebido era verdadeira.
Beto Carrero, é, para mim, mais que um empresário, mais que um artista. Ele foi e será sempre meu grande ídolo. Ele simbolizava a figura de um sonhador que lutou e realizou o seu sonho. Ele passava a sensação de que tudo era possível, bastava sonhar, acreditar e lutar.
Desde muito pequeno, eu admirava o personagem Beto Carrero. Depois, com a minha incursão no mundo do circo, passei a conhecer também o empresário. E, em 2006, eu tive a felicidade de trabalhar em um de seus circos, tive o prazer de apresentá-lo em Guaratuba, e foi dele que recebi o maior elogio da minha carreira.
Na minha opinião, morreu o João Batista Sérgio Murad, não o Beto Carrero. O Beto Carrero é eterno. Ele vai estar dentro do coração de cada pessoa que se divertir em seu parque, ou no sorriso de cada criança que assistir a um de seus circos. Espero que o seu filho Alex continue com a história que o Beto começou, pois ele viveu intensamente o seu sonho, e fez dele uma incrível realidade. Vai ser difícil assimilar que o Beto não vai mais aparecer nos circos, nos programas de televisão e nos desfiles do parque. Vai ser difícil ver o cavalo Faísca sozinho, sem o "Homem do Chapéu" ao seu lado. Mas a vida continua e o show não pode parar.
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COLUNA PUBLICADA EM 23/DEZEMBRO/2007

Minha Carta para o Papai Noel



"Querido Papai Noel:
Já sou bem grandinho, eu sei. Mas nunca deixei de acreditar na sua existência. Até porque, creio que essa figura do bom velhinho rechonchudo, de barbas brancas, óculos redondo, vestimenta caprichada e cheio de boas intenções seja o mais próximo do que a humanidade possa compreender por Deus. Isso mesmo, acho que o senhor, Papai Noel, é o Deus que as crianças imaginam, aquele Ser que voa em trenós pelo céu, que repreende o menino que foi malcriado durante o ano, quando não lhe traz o presente sonhado; e também aquele que reconhece as boas ações, os bons sentimentos, e recompensa à todos com a realização dos sonhos. O senhor já me realizou um grande sonho, eu sei. E este ano, me presenteou com a gravidez da minha esposa. Prometo me comportar e, em 2008 vou fazer o possível para criar da melhor forma esse filho que está chegando, para encher ainda mais minha vida de alegrias.
Em 2007, acho que me comportei direitinho. Não tirei boas notas porque já não estudo mais, mas no meu trabalho, eu fiz todas as tarefas que meu cargo exigia. Mas o senhor sabe que mesmo trabalhando com a maior dedicação, eu fui desbancado. Isso mesmo, Papai Noel. Eu perdi lugar para a mentira. A mentira, a arrogância, a prepotência e a falta de competência foram mais fortes que o meu honesto e dedicado trabalho. Mas confio no senhor Papai Noel. Sei que agora, em 2008, o Senhor me dará um grande presente: um contrato. Voltarei ao trabalho, porque assim como eu, o Senhor também não concorda que uma pessoa cheia de más intenções possa fechar as portas para quem só quer trabalhar.
Por isso, Papai Noel, peço que neste ano de 2008, o Senhor ilumine os corações de pessoas que se alegram em fazer maldade. Que essas pessoas tenham a pedra que ocupa o lado esquerdo de seus peitos substituída por bons sentimentos, por vontade de fazer o bem, e pelo senso de justiça. Que elas aprendam a amar, que saibam sorrir com sinceridade, que de alguma forma, desfaçam as injustiças já feitas, que não sintam tanta inveja de quem está fazendo sucesso, que trabalhem honestamente, que aprendam a pedir perdão... Enfim, que aprendam o verdadeiro motivo da nossa existência, o verdadeiro significado da vida. Papai Noel, ajude essas pessoas a conhecer Deus e suas leis para que elas não cometam mais injustiças e não prejudiquem mais pessoas de bem. Afinal, como diz o antigo e sábio ditado, "quem não vive para servir, não serve para viver."
Para terminar Papai Noel, peço que o senhor abençoe minha família e todos os meus amigos com muita saúde. Que o próximo ano seja de paz, de harmonia, de felicidade. Que eu continue amando à todos, cada vez com mais intensidade, que eu saiba desempenhar com maestria meu papel de pai. Que eu continue sendo um bom filho, um marido fiel e apaixonado, um amigo pra todas as horas e um profissional dedicado. Que eu consiga compreender melhor as adversidades da vida, que eu perdoe com mais facilidades as pessoas que ainda vivem na ignorância e por isso fazem mal, que eu volte ao trabalho que eu amo, e que eu tenha cada vez mais Deus dentro do coração.
Feliz Natal à todos!"
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 30/OUTUBRO/2007

Minha Praça Inesquecível
Escolher uma praça inesquecível, após percorrer mais de 100 cidades brasileiras com os circos nos quais trabalhei não é tarefa fácil. Nesses dez anos, conheci muitos lugares, diferentes culturas, pessoas de todas as índoles, fiz amizades, me diverti, chorei de saudade, chorei de rir, fui feliz.
Mas agora preciso escolher a praça inesquecível, aquela que vai ficar na minha memória para sempre. Seja por um acontecimento especial, ou pela beleza da cidade, uma praça tem que se destacar perante às demais.
Eu poderia escolher Ilhéus (BA), onde tomei banho de mar nu, sozinho, às 2 horas da manhã; ou Caxias do Sul (RS), onde íamos, meus amigos e eu, na melhor pizzaria do Brasil, a Fornallia. Ou ainda Divinópolis (MG), pelas pessoas que lá conheci e fiz amizades; ou Pelotas (RS), onde degustei pela primeira vez uma lazanha de chocolate, no Buffet do Foca. Eu poderia citar Novo Hamburgo (RS), onde estreiou meu circo, em 2005; ou Sorocaba (SP), cidade onde eu vendi uma quantidade enorme de salgadinhos; ou ainda Ipatinga (MG), onde descobri que açaí é delicioso. Nesta lista ainda consta Passo Fundo (RS) e Contagem (MG), pois nestas cidades recebi a visita de minha família; e São Paulo, porque lá conheci a Sarah, minha esposa.
Pode parecer impossível, mas lembro perfeitamente de todas as cidades por onde passei e todas foram especiais, mas, não sei porquê Belo Horizonte (MG) me marcou muito. Com certeza, BH foi uma praça inesquecível. Lá encontrei um povo incrível, tive êxito profissional e me diverti muito junto com meus amigos do Circo do Marcos Frota. É uma cidade linda, assim como São José do Rio Preto (SP), onde nossa turma fez coisas que até Deus duvida. As madrugadas no posto de gasolina, tomando Coca-Cola e jogando conversa fora eram excelentes. Chegamos até a ir fazer malabares no sinal e o Benê correndo pelado no meio da avenida era hilário. Era zuação o dia inteiro. Zuávamos até do nosso salário, que estava cortado pela metade, sem acumular, por decisão da gerência, embora o circo estivesse lotando sempre.
Enfim, digo de todo o coração que, do sul ao nordeste, todas as praças foram inesquecíveis, pois em todas elas eu me diverti, fiz amizades e conheci pessoas das quais eu nunca irei esquecer.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 19/AGOSTO/2007

Vitória do bom senso

O resultado da enquete da semana passada mostrou que prevaleceu o bom senso, afinal a maioria é a favor de animais em circo, desde que exista uma fiscalização para se ter provas de que são bem tratados.
Se você parar e analizar a fundo essa questão, terá os seguintes pontos:
1) Em um zoológico, o animal também está ali para diversão do público e longe de seu hábitat natural. As jaulas também são menores do que a floresta e o estresse é grande;
2) Se o problema maior é a incidência de acidentes envolvendo animais de circo, então teremos que criar ONGs para defender o fim dos aviões, dos automóveis, dos parques de diversões, etc... Vale lembrar que o último acidente envolvendo pessoas do público e animais de circo ocorreu em 2001, durante um espetáculo do Circo Vostok em Jaboatão dos Guararapes - PE. De lá para cá, já ocorreram dois acidentes de aviões de grande porte aqui no Brasil e milhares de acidentes de automóveis. Ultimamente, os brinquedos de parques de diversões têm matado muitas pessoas pelo mundo a fora. Semana passada, cinco pessoas da mesma família morreram em uma roda gigante na China. Há dois meses, um trem ficou parado durante 40 minutos em pleno lupping em uma montanha russa dos EUA, ferindo dezenas de pessoas. Na Disney, dois acidentes com mortes em seus brinquedos marcaram seus dois últimos anos. Também na semana passada, em um parque de Porto Alegre, a cadeira de um Twister foi atirada a mais de 300 metros do brinquedo, ferindo pai e filha. E os ataques de cães ferozes? Todos os dias ocorrem em nosso país, segundo o Jornal Zero Hora de Porto Alegre, cinco ataques de cães como pit-bul, fila, doberman e rotwailer.
3) O cavalos que puxam carroças, estes sim sofrem. São obrigados a cavalgar o dia inteiro, de baixo de sol ou chuva, carregando, na maioria das vezes uma carroça pesada, levando chicoteadas e mal tendo o que comer. Isso sem falar que as carroças atrapalham e muito o trânsito. Cadê as ONGs para adotar os cavalos que puxam carroças?
4) E os rodeios? É muito bonito ir à um rodeio, sentir toda aquela vibração, ouvir a voz forte do locutor, se divertir com as quedas dos peões, mas já pararam para pensar em como aqueles touros sofrem?
5) Ninguém fala na farra do boi de Santa Catarina. É uma festa tradicional, eu sei. Mas também maltrata e causa estresse nos animais.
6) Aqui no Rio Grande do Sul, já assisti na tradicional Expointer, maior feira agropecuária da América Latina, que por sinal acontecerá a partir do dia 25 deste mês, em Esteio, uma prova muito famosa chamada Freio de Ouro. Os cavalos que nesta prova competem também recebem um tratamento um tanto duvidoso.
7) Rinhas de galo estão espalhadas por todo território nacional. Todos os dias, dezenas ou centenas de homens se aglomeram em espaços pequenos e estranhos para torcerem por galos que se matam brutalmente.
8) Portanto, acho que as ONGs não podem martelar apenas os circos, pois existem mais detalhes para serem estudados.
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COLUNA PUBLICADA NO DIA 13/JUNHO/2007

O Começo de Tudo

 Eu não sou de família tradicional de circo. Meu pai é um metalúrgico aposentado, e minha mãe, é gerente de banco, mas já foi fiscal de caixa em mercado, cabeleireira, dona de lanchonete e decoradora de festas infantis; nada que se pareça com circo.
Mas, por algum motivo, eu nasci respirando circo. Sou completamente apaixonado pela arte, pela lona, pelo cheiro de pipoca, pelo público...
Fui ao circo pela primeira vez quando tinha 2 anos de idade, e ainda lembro de detalhes. Depois, voltei ao circo com seis anos e desde então, nunca mais fiquei longe das lonas.
Aos 16 anos comecei a trabalhar em circo. Hoje, dez anos depois, tenho o orgulho de ter trabalhado nos maiores circos brasileiros, como Spacial, Beto Carrero e Marcos Frota.
Em dez anos de circo, vi muitas coisas boas e ruins, conheci gente exemplar e digna, mas também canalhas, muitos canalhas. Vi alegrias e injustiças, luzes e penumbras. É claro que prevalecem na memória as coisas boas.
Eu ainda acredito no circo. Sei que essa arte ainda pode se renovar. Acredito na nova geração.
O meu amor pelo circo vai persistir, minha luta para ter um circo de sonhos, onde todos viverão felizes continua. E por isso estou criando esse blog. É o começo de uma integração circense. Quero a opinião de todos, através das pesquisas e comentários. Pois então: Vamos começar!