sábado, 25 de fevereiro de 2012

Reportagem Especial - Última Parte

Quando vimos uma tragédia de dimensões tão grandes como esta que ocorreu no Gran Circo Norte Americano, no mínimo, buscamos explicações. Afinal, milhares de pessoas estavam ali, com um único propósito: o de se divertir. Centenas morreram, a maioria crianças. Sobreviventes sofrem até os dias atuais. Por que tudo isso aconteceu?
O Blog Circo News não quer levantar nenhuma bandeira, de nenhuma religião. Mas optou pela publicação desta carta de Chico Xavier, famoso médium brasileiro, por ser, talvez, a única manifestação que dê uma explicação para o acidente. Acreditando ou não, este texto não deixa de ser uma boa leitura e um consolo para todos os envolvidos.
TRABALHO DE PESQUISA:
www.falasantos.com.br / www.oglobo.globo.com / www.r7.com.br
www.ensinarhistória.blogspot.com / www.jblog.com.br
www.guiadoscuriosos.com.br / www.portaldoespiritismo.com.br

* O Texto a seguir foi extraído do site www.portaldoespiritismo.com.br, baseado na carta 06 do livro Cartas e Crônicas, de Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), ditado pelo Espírito Irmão X

ESPIRITISMO À TALIÃO 
Naquela noite, da época recuada do ano 177, o “concilium” de Lião regurgitava de povo. Não se tratava de nenhuma das assembléias tradicionais da Gália, junto ao altar do Imperador, e sim de compacto ajuntamento.
Marco Aurélio reinava, piedoso, e embora não houvesse lavrado qualquer rescrito em prejuízo maior dos cristãos, permitira se aplicassem na cidade, com o máximo rigor, todas as leis existentes contra eles.
A matança, por isso, perdurava, terrível.
Ninguém examinava necessidades ou condições. Mulheres e crianças, velhos e doente, tanto quanto homens válidos e personalidades prestigiosas, que se declarassem fiéis ao Nazareno, eram detidos, torturados e eliminados sumariamente.
Através do espesso casario, a montante da confluência do Ródano e do Saône, multiplicavam-se prisões, e no sopé da encosta, mais tarde conhecida como colina de Fourviére, improvisara-se grande circo, levantando-se altas paliçadas em torno de enorme arena.
As pessoas representativas do mundo lionês eram sacrificadas no lar ou barbaramente espancadas no campo, enviando-se os desfavorecidos da fortuna, inclusive grande massa de escravos, ao regozijo público.
As feras pareciam agora entorpecidas, após massacrarem milhares de vítimas, nas mandíbulas sanguinolentas. Em razão disso, inventavam-se tormentos novos.
Verdugos inconscientes ideavam estranhos suplícios.
Senhoras cultas e meninas ingênuas eram desrespeitadas antes que lhes decepassem a cabeça, anciães indefesos viam-se chicoteados até a morte. Meninos apartados do reduto familiar eram vendidos a mercadores em trânsito, para servirem de alimárias domésticas em províncias distantes, e nobres senhores tombavam assassinados nas próprias vinhas.
Mais de vinte mil pessoas já haviam sido mortas.
Naquela noite, a que acima nos referimos, anunciou-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do Imperador por se haver distinguido contra a usurpação do general Avídio Cássio, e que se inclinava agora a merecido repouso.
Imaginaram-se, para logo, comemorações a caráter.
Por esse motivo, enquanto lá fora se acotovelavam gladiadores e jograis, o patrício Álcio Plancus, que se dizia descendente do fundador da cidade, presidia a reunião, a pedido do Propretor, programando os festejos.
- Além das saudações, diante dos carros que chegarão de Viena – dizia, algo tocado pelo vinho abundante -, é preciso que o circo nos dê alguma cena de exceção... O lutador Setímio poderia arregimentar os melhores homens; contudo, não bastaria renovar o quadro de atletas...
- A equipe de dançarinas nunca esteve melhor – aventou Caio Marcelino, antigo legionário da Bretanha que se enriquecera no saque.
- Sim, sim... – concordou Álcio – instruiremos Musônia para que os bailados permaneçam à  altura...
- Providenciaremos um encontro de auroques – lembrou Pérsio Níger.
- Auroques! Auroques!... – clamou a turba em aprovação.
- Excelente lembrança! – falou Plancus em voz mais alta – mas, em consideração ao visitante, é imperioso acrescentar alguma novidade que Roma não conheça...
Um grito horrível nasceu da assembléia:
- Cristãos às feras! cristãos às feras!
Asserenado o vozerio, tornou o chefe do conselho:
- Isso não constitui novidade! E há circunstâncias desfavoráveis. Os leões recémchegados da África estão preguiçosos...
Sorriu com malícia e chasqueou:
- Claro que surpreenderam, nos últimos dias, tentações e viandas que o própio Lúculo jamais encontrou no conforto de sua casa...
Depois das gargalhadas gerais, Álcio continuou, irônico:
- Ouvi, porém, alguns companheiros, ainda hoje, e apresentaremos um plano que espero resulte certo. Poderíamos reunir, nesta noite, aproximadamente mil crianças e mulheres cristãs, guardando-as nos cárceres... E, amanhã, coroando as homenagens, ajuntá-las-emos na arena, molhada de resinas e devidamente cercada de farpas embebidas em óleo, deixando apenas passagem estreita para a liberação das mais fortes. Depois de mostradas festivamente em público, incendiaremos toda a área, deitando sobre elas os velhos cavalos que já não sirvam aos nossos jogos... Realmente, as chamas e as patas dos animais formarão muitos lances inéditos...
- Muito bem! Muito bem! – reuniu a multidão, de ponta a ponta do átrio.
- Urge o tempo – gritou Plancus – e precisamos do concurso de todos... Não possuímos guardas suficientes.
E erguendo ainda mais o tom de voz:
- Levante a mão direita quem esteja disposto a cooperar.
Centenas de circunstantes, incluindo mulheres robustas, mostraram destra ao alto, aplaudindo em delírio.
Encorajado pelo entusiasmo geral, e desejando distribuir a tarefa com todos os voluntários, o dirigente da noite enunciou, sarcástico e inflexível:
- Cada um de nós traga um... Essas pragas jazem escondidas por toda a parte... Caçá-las e exterminá-las é o serviço da hora...
Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes e, no dia subsequente, ao Sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria.
*  *  *
Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento... Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.

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